Durante algumas etapas do tratamento oncológico (como internação, cirurgia, quimioterapia e radioterapia), o paciente do A.C.Camargo passa por uma triagem que indica se há ou não risco nutricional (como baixa ingestão alimentar, perda de peso e diagnóstico oncológico).

Quando há risco nutricional, a equipe de nutrição faz o detalhamento do consumo alimentar e a avaliação da composição corporal do paciente para evitar a perda de massa muscular. Como consequência dessa perda, o paciente pode sentir mais os efeitos da toxicidade da radioterapia e da quimioterapia, por exemplo.

Porém, nossa equipe também utiliza a tomografia computadorizada para a avaliação da composição corporal do paciente, a fim de trazer recomendações nutricionais mais eficazes.

A avaliação nutricional do paciente com câncer de cabeça e pescoço

A tomografia é um exame normalmente solicitado para diagnóstico ou avaliação de tratamento, com imagens do abdômen em grande parte dos casos. Desta forma, a equipe de nutrição avalia imagens da L3 (terceira vértebra lombar) para conferir o índice de massa muscular, sem necessidade de pedir uma tomografia adicional para fazer essa avaliação.

Pacientes com câncer de cabeça e pescoço não fazem tomografia de rotina do abdômen. Então, para que não seja solicitada uma nova tomografia desses pacientes, a supervisora de nutrição do A.C.Camargo, Dra. Thaís Miola, estudou um novo método de análise da massa muscular utilizando a tomografia do pescoço já feita.

O resultado deste estudo, que foi publicado em sua tese de doutorado, mostrou que um paciente que tem boa quantidade de massa muscular na L3 também terá na C3 (terceira vértebra cervical) e na T4 (quarta vértebra torácica). Dessa forma, é possível avaliar a massa muscular do paciente apenas com as imagens de uma tomografia do pescoço, sem necessidade de solicitar exames extras.

A desnutrição é comum nos pacientes com câncer de cabeça e pescoço e traz como consequência o aumento de complicações no pós-operatório e aumento do tempo hospitalização, diminuindo a qualidade de vida e aumentando a mortalidade. Com esse novo método de análise da composição corporal, a equipe de nutrição consegue determinar a terapia nutricional mais adequada.

Perfil dos pacientes avaliados

O uso de tomografia para avaliação da massa muscular está em fase de implantação no A.C.Camargo. Neste momento, os pacientes avaliados são idosos que fazem parte do protocolo de sarcopenia (condição que afeta a força e a resistência muscular).

A importância da massa muscular 

Como a perda de massa muscular é um dos pontos críticos para o paciente oncológico e pode afetar no resultado do tratamento, a equipe de nutrição do A.C.Camargo passa a atuar em diversos momentos, com o objetivo de garantir que o corpo do paciente esteja bem nutrido e preparado para passar por todas as etapas necessárias de forma mais tranquila.
Um paciente com baixa taxa de massa muscular precisa de atenção especial do mesmo modo que um paciente desnutrido, pois a quantidade de massa muscular vai impactar nos resultados de muitos tratamentos oncológicos.

Esses pacientes costumam apresentar maior toxicidade na quimioterapia e na radioterapia, passam mais tempo internados e têm mais chance de readmissão hospitalar depois de 30 dias de uma cirurgia. 

Com menos massa muscular, o paciente perde independência, não tem força para levantar e pode passar mais tempo acamado, o que aumenta o risco de ter lesão por pressão. A massa muscular mantém o equilíbrio do organismo e é a principal reserva de nutrientes, como carboidratos, proteínas e glicogênio (reserva de energia) para as células desenvolverem suas funções.

FONTES: Dra. Thaís Manfrinato Miola, supervisora de nutrição do A.C.Camargo Cancer Center
Miola TM. Avaliação da massa muscular pré-operatória com tomografia computadorizada em pacientes portadores de câncer de cabeça e pescoço. [Tese]. São Paulo; Fundação Antônio Prudente; 2021. 
Disponível em: https://accamargo.phlnet.com.br/Doutorado/2021/TMMiola/TMMiola.pdf