O Chefe Marcos Moraes

O Chefe Marcos Moraes

Os ilustres colegas Emílio Silva, Pedro Gaia e Sebastião Lessa, já escreveram recentemente belíssimas e imorredouras páginas em homenagem à memória de Marcos Moraes, esse ilustríssimo conterrâneo, que tanto honrou e dignificou a Medicina alagoana, brasileira e mundial. Marcos Moraes elevou Palmeira dos índios aos píncaros do respeito e da admiração brasileiras, dando ao rincão caeté, um destaque semelhante a outros gigantes, como Graciliano Ramos, que mesmo não sendo nativo daqui, fez dessa nossa brava terra, a sua maior referência. Donde, regiamente suprido pelas magníficas informações dos eminentes colegas Emílio, Pedro, e Sebastião, restrinjo-me a homenageá-lo rememorando alguns singelos e descontraídos momentos nos quais tive a suprema honra de compartilhar com ele.

Estávamos então em um evento científico em Florianópolis no início dos anos 90 para participarmos conjuntamente de uma Mesa Redonda sobre câncer de pâncreas. Marcos Moraes era então o Diretor Geral do Câncer (INCA), além de renomado e consagrado cirurgião lotado no Rio de Janeiro, onde, contudo, era dono de uma clientela vip que o procurava advinda de todos os recantos nacionais e de países vizinhos. Eu, exercia a presidência da Sociedade Brasileira de Radioterapia e representava os colegas brasileiros no evento.

A nossa Mesa Redonda seria no segundo dia daquele evento e terminados os trabalhos do primeiro dia, já anoitecia, quando exaustos, os congressistas procuravam atividades que proporcionassem algum relax para renovar as baterias para a nova jornada a ser enfrentada no dia seguinte. O Chefe Marcos convidou-me para acompanhá-lo com alguns outros colegas a um encontro no Box 22, celebrado recanto, misto de restaurante e bar, localizado no seu conceituado mercado municipal. O Box 22 era e ainda é famoso internacionalmente por seus tradicionais pratos de pescados frescos, entre os quais, destaca e propala servir as melhores ostras frescas do Brasil., o que tem fundamento, já que Santa Catarina tem os maiores viveiros naturais desse saboroso molusco. Esse apetitoso acepipe é melhor consumido se cru, sendo acompanhado apenas por um pouco de sal, limão e azeite português. O Chefe Marcos, animadamente convidou-me, sabendo-me um apreciador contumaz da iguaria. Infelizmente, na época era portador de uma Doença Diverticular que já me levara a repetidos episódios de severa diverticulite.  E então estava saindo de um desses episódios agudos e ainda tomando vários remédios, daí, pedi franciscanas desculpas e me furtei de acompanhá-los ao celebrado e tentador Box 22.

O Chefe Marcos, todavia, não admitiu a minha omissão, e na porta do hotel, comandando um grupo de famosos cancerologistas brasileiros que o acompanhariam ao rega-bofe, usou o seu característico bom humor e na frente de todos exclamou: “Vai se afrouxar é? Cabra frouxo! Tem medo de umas ostrinhas frescas! Acho que você não é da minha terra não! Palmeira dos índios é terra de cabra macho! Não é lugar de cabra frouxo não!”. A gozação foi geral entre os colegas, e retornei cabisbaixo e conformado para o apartamento, onde mais tarde consumi uma canjinha de galinha rala.

No dia seguinte, a nossa Mesa Redonda era a primeira atividade do dia. Sentamos lado a lado, todavia, o chefe Marcos não estava mais com o mesmo bom humor da noite passada. Pelo contrário, estava sisudo, um pouco pálido, e suava. Perguntei-lhe se estava tudo bem? Ele, sem mexer uma sobrancelha, respondeu-me: “Xará, tu ainda tem aqueles remédios de fresco que tu estava tomando?”. Eu respondi-lhe; ‘sim Chefe’. Ele então determinou com rigor: “Va imediatamente buscá-los e não faça nenhum comentário!”. Corri ao meu apartamento, trouxe os remédios, o Chefe ingeriu imediatamente uma dose cavalar dos mesmos e passou o resto da sessão se hidratando, tomando antiespasmódicos e indo e vindo do sanitário. Parece que uma das ostras, talvez não estivesse tão fresca.

Felizmente, depois, nos muitos anos que nos reunimos pelo menos uma vez ao mês ,no INCA, no Rio de Janeiro, onde participei de seu Conselho Consultivo por seguidos anos, fomos  sempre aos restaurantes portugueses  tradicionais preferidos do Chefe Marcos ,e depois em São Paulo ,onde presidiu  a ABICC, e eu fui seu tesoureiro, íamos  ao italiano de sua predileção , onde as nossas tripas nunca mais nos traíram. Marcos Moraes, além de seus extraordinários feitos nacionais, nos ajudou a trazer para Alagoas, um acelerador linear moderno, que tratou milhares de cancerosos. No evento dos 150 anos da Santa Casa de Maceió, trouxe como convidado o megaempresário Antônio Ermírio de Moraes, uma evidencia de seu imenso e justíssimo prestígio, que muito honra e dignifica a nossa terra natal. Marcos Moraes é uma glória nacional, ele está e estará sempre vivo em nossos corações e mentes. Para sempre viva o Chefe Marcos Moraes!

Por:

Marcos Davi Melo

Médico e membro da AAL e do IHGAL

Os ilustres colegas Emílio Silva, Pedro Gaia e Sebastião Lessa, já escreveram recentemente belíssimas e imorredouras páginas em homenagem à memória de Marcos Moraes, esse ilustríssimo conterrâneo, que tanto honrou e dignificou a Medicina alagoana, brasileira e mundial. Marcos Moraes elevou Palmeira dos índios aos píncaros do respeito e da admiração brasileiras, dando ao rincão caeté, um destaque semelhante a outros gigantes, como Graciliano Ramos, que mesmo não sendo nativo daqui, fez dessa nossa brava terra, a sua maior referência. Donde, regiamente suprido pelas magníficas informações dos eminentes colegas Emílio, Pedro, e Sebastião, restrinjo-me a homenageá-lo rememorando alguns singelos e descontraídos momentos nos quais tive a suprema honra de compartilhar com ele.

Estávamos então em um evento científico em Florianópolis no início dos anos 90 para participarmos conjuntamente de uma Mesa Redonda sobre câncer de pâncreas. Marcos Moraes era então o Diretor Geral do Câncer (INCA), além de renomado e consagrado cirurgião lotado no Rio de Janeiro, onde, contudo, era dono de uma clientela vip que o procurava advinda de todos os recantos nacionais e de países vizinhos. Eu, exercia a presidência da Sociedade Brasileira de Radioterapia e representava os colegas brasileiros no evento.

A nossa Mesa Redonda seria no segundo dia daquele evento e terminados os trabalhos do primeiro dia, já anoitecia, quando exaustos, os congressistas procuravam atividades que proporcionassem algum relax para renovar as baterias para a nova jornada a ser enfrentada no dia seguinte. O Chefe Marcos convidou-me para acompanhá-lo com alguns outros colegas a um encontro no Box 22, celebrado recanto, misto de restaurante e bar, localizado no seu conceituado mercado municipal. O Box 22 era e ainda é famoso internacionalmente por seus tradicionais pratos de pescados frescos, entre os quais, destaca e propala servir as melhores ostras frescas do Brasil., o que tem fundamento, já que Santa Catarina tem os maiores viveiros naturais desse saboroso molusco. Esse apetitoso acepipe é melhor consumido se cru, sendo acompanhado apenas por um pouco de sal, limão e azeite português. O Chefe Marcos, animadamente convidou-me, sabendo-me um apreciador contumaz da iguaria. Infelizmente, na época era portador de uma Doença Diverticular que já me levara a repetidos episódios de severa diverticulite.  E então estava saindo de um desses episódios agudos e ainda tomando vários remédios, daí, pedi franciscanas desculpas e me furtei de acompanhá-los ao celebrado e tentador Box 22.

O Chefe Marcos, todavia, não admitiu a minha omissão, e na porta do hotel, comandando um grupo de famosos cancerologistas brasileiros que o acompanhariam ao rega-bofe, usou o seu característico bom humor e na frente de todos exclamou: “Vai se afrouxar é? Cabra frouxo! Tem medo de umas ostrinhas frescas! Acho que você não é da minha terra não! Palmeira dos índios é terra de cabra macho! Não é lugar de cabra frouxo não!”. A gozação foi geral entre os colegas, e retornei cabisbaixo e conformado para o apartamento, onde mais tarde consumi uma canjinha de galinha rala.

No dia seguinte, a nossa Mesa Redonda era a primeira atividade do dia. Sentamos lado a lado, todavia, o chefe Marcos não estava mais com o mesmo bom humor da noite passada. Pelo contrário, estava sisudo, um pouco pálido, e suava. Perguntei-lhe se estava tudo bem? Ele, sem mexer uma sobrancelha, respondeu-me: “Xará, tu ainda tem aqueles remédios de fresco que tu estava tomando?”. Eu respondi-lhe; ‘sim Chefe’. Ele então determinou com rigor: “Va imediatamente buscá-los e não faça nenhum comentário!”. Corri ao meu apartamento, trouxe os remédios, o Chefe ingeriu imediatamente uma dose cavalar dos mesmos e passou o resto da sessão se hidratando, tomando antiespasmódicos e indo e vindo do sanitário. Parece que uma das ostras, talvez não estivesse tão fresca.

Felizmente, depois, nos muitos anos que nos reunimos pelo menos uma vez ao mês ,no INCA, no Rio de Janeiro, onde participei de seu Conselho Consultivo por seguidos anos, fomos  sempre aos restaurantes portugueses  tradicionais preferidos do Chefe Marcos ,e depois em São Paulo ,onde presidiu  a ABICC, e eu fui seu tesoureiro, íamos  ao italiano de sua predileção , onde as nossas tripas nunca mais nos traíram. Marcos Moraes, além de seus extraordinários feitos nacionais, nos ajudou a trazer para Alagoas, um acelerador linear moderno, que tratou milhares de cancerosos. No evento dos 150 anos da Santa Casa de Maceió, trouxe como convidado o megaempresário Antônio Ermírio de Moraes, uma evidencia de seu imenso e justíssimo prestígio, que muito honra e dignifica a nossa terra natal. Marcos Moraes é uma glória nacional, ele está e estará sempre vivo em nossos corações e mentes. Para sempre viva o Chefe Marcos Moraes!

Por:

Marcos Davi Melo

Médico e membro da AAL e do IHGAL