20% dos pacientes com câncer morrem por desnutrição severa
A desnutrição aguda causada por consequências do tumor é chamada de caquexia; especialistas pesquisam uma molécula que poderia impedir o processo de perda de peso e músculos
De acordo com dois estudos relacionados e divulgados nesta segunda-feira (06), 20% dos pacientes com câncer não morrem em decorrência de complicações do tumor, mas sim de caquexia, uma espécie de desnutrição grave. Não é possível prevenir essa condição, mas especialistas em nutrição lutam para tratar precocemente o paciente e nutri-lo para que um evento mais grave não aconteça.
“Muitos pacientes com câncer não morrem por causa pela doença, mas por causas além, por mudanças sistêmicas no corpo todo que são induzidas por esses tumores. Um dos piores efeitos é a caquexia, que é o maior obstáculo no tratamento do câncer”, diz, em comunicado, David Bilder, biólogo da Universidade de Califórnia, um dos autores dos estudos que foram publicados no periódico Developmental Cell.
Estudando uma mosca de frutas, os pesquisadores descobriram uma molécula secretada em tumores e que causa essa perda de gordura, músculos, proteínas e ovários – órgãos que estocam energia em forma de lipídios – e estão esperançosos com a versão da molécula em mamíferos, que envolve o fator de crescimento da insulina, uma proteína chamada IGFBP.
“Os humanos têm várias IGFBP, e estudos apontam para um novo mediador de caquexia, que levaria ao desenvolvimento de novas terapias”, diz David Bilder. “Se essas IGFBP específicas pudessem ser identificadas como aquelas que provocam a caquexia em certos tipos de tumores, bloqueá-las poderia oferecer um tratamento mais direcionado do que administrar insulina sistemicamente, ação em que há risco de estimular o crescimento do tumor”, diz.
Entenda a desnutrição grave causada pelo câncer
Segundo a presidente do comitê de nutrição da Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral, Maria Emília Fabre, essa desnutrição é causada por alterações metabólicas produzidas pelo câncer, pelas reações inflamatórias do corpo tentando se defender do tumor e por uma série de efeitos colaterais provocados pelo tratamento, seja ele cirúrgico ou quimioterapia e radioterapia.
A síndrome se caracteriza por um consumo muito intenso de tecidos muscular e gorduroso, levando à perda de peso, anemia e outras alterações metabólicas e até mesmo da defesa do organismo. Na desnutrição comum, a gordura é queimada, mas o músculo esquelético é mantido. Já na caquexia, os dois são prejudicados seriamente.
“É um estado irreversível de desnutrição que não tem uma única causa, não é só pela falta de apetite”, explica.
Justamente para evitar que chegue nesse estágio irreversível, especialistas em nutrição lutam, com as armas que têm em mãos atualmente, para diagnosticar o problema precocemente e evitar a desnutrição. “Há meios de amenizar a perda de peso do paciente, formas de fazer com que ele não tenha perca massa muscular”, explica Ana Carolina Cantelli, nutricionista do Hospital A.C. Camargo Cancer Center.
Esses meios começam com a tentativa de acabar com as náuseas causadas pela quimioterapia. Além disso, há as lesões dolorosas na boca que desestimulam a mastigação. Pode, também, haver diarreia durante o tratamento. Quando os esforços para evitar e curar esses problemas não funcionam, os aditivos entram em cena. “Às vezes, usamos suplementos nutricionais – que são totalmente diferentes daqueles suplementos de academia”, conta ela.
Esses complementos alimentares com mais calorias e proteínas podem ser adicionados à alimentação, de forma líquida ou em pó. “Em alguns casos, o paciente não consegue atingir a necessidade calórica e proteica por um período, mesmo usando os suplementos”, diz Ana Carolina. Dependendo da localização do tumor, a alimentação via oral fica prejudicada, logo os nutricionistas elaboram a alimentação via sonda. Se, mesmo assim não der certo, é usada a nutrição parenteral, injetada diretamente na veia.
“É uma solução que inclui vários nutrientes e proteínas já quebradas, que chamamos de aminoácidos. É uma composição de carboidratos, vitaminas, minerais e gorduras que já vem pronta para ser absorvida sem passar por nenhum processo de digestão”, explica a nutricionista do A.C. Camargo.
* Informações do Portal IG
A desnutrição aguda causada por consequências do tumor é chamada de caquexia; especialistas pesquisam uma molécula que poderia impedir o processo de perda de peso e músculos
De acordo com dois estudos relacionados e divulgados nesta segunda-feira (06), 20% dos pacientes com câncer não morrem em decorrência de complicações do tumor, mas sim de caquexia, uma espécie de desnutrição grave. Não é possível prevenir essa condição, mas especialistas em nutrição lutam para tratar precocemente o paciente e nutri-lo para que um evento mais grave não aconteça.
“Muitos pacientes com câncer não morrem por causa pela doença, mas por causas além, por mudanças sistêmicas no corpo todo que são induzidas por esses tumores. Um dos piores efeitos é a caquexia, que é o maior obstáculo no tratamento do câncer”, diz, em comunicado, David Bilder, biólogo da Universidade de Califórnia, um dos autores dos estudos que foram publicados no periódico Developmental Cell.
Estudando uma mosca de frutas, os pesquisadores descobriram uma molécula secretada em tumores e que causa essa perda de gordura, músculos, proteínas e ovários – órgãos que estocam energia em forma de lipídios – e estão esperançosos com a versão da molécula em mamíferos, que envolve o fator de crescimento da insulina, uma proteína chamada IGFBP.
“Os humanos têm várias IGFBP, e estudos apontam para um novo mediador de caquexia, que levaria ao desenvolvimento de novas terapias”, diz David Bilder. “Se essas IGFBP específicas pudessem ser identificadas como aquelas que provocam a caquexia em certos tipos de tumores, bloqueá-las poderia oferecer um tratamento mais direcionado do que administrar insulina sistemicamente, ação em que há risco de estimular o crescimento do tumor”, diz.
Entenda a desnutrição grave causada pelo câncer
Segundo a presidente do comitê de nutrição da Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral, Maria Emília Fabre, essa desnutrição é causada por alterações metabólicas produzidas pelo câncer, pelas reações inflamatórias do corpo tentando se defender do tumor e por uma série de efeitos colaterais provocados pelo tratamento, seja ele cirúrgico ou quimioterapia e radioterapia.
A síndrome se caracteriza por um consumo muito intenso de tecidos muscular e gorduroso, levando à perda de peso, anemia e outras alterações metabólicas e até mesmo da defesa do organismo. Na desnutrição comum, a gordura é queimada, mas o músculo esquelético é mantido. Já na caquexia, os dois são prejudicados seriamente.
“É um estado irreversível de desnutrição que não tem uma única causa, não é só pela falta de apetite”, explica.
Justamente para evitar que chegue nesse estágio irreversível, especialistas em nutrição lutam, com as armas que têm em mãos atualmente, para diagnosticar o problema precocemente e evitar a desnutrição. “Há meios de amenizar a perda de peso do paciente, formas de fazer com que ele não tenha perca massa muscular”, explica Ana Carolina Cantelli, nutricionista do Hospital A.C. Camargo Cancer Center.
Esses meios começam com a tentativa de acabar com as náuseas causadas pela quimioterapia. Além disso, há as lesões dolorosas na boca que desestimulam a mastigação. Pode, também, haver diarreia durante o tratamento. Quando os esforços para evitar e curar esses problemas não funcionam, os aditivos entram em cena. “Às vezes, usamos suplementos nutricionais – que são totalmente diferentes daqueles suplementos de academia”, conta ela.
Esses complementos alimentares com mais calorias e proteínas podem ser adicionados à alimentação, de forma líquida ou em pó. “Em alguns casos, o paciente não consegue atingir a necessidade calórica e proteica por um período, mesmo usando os suplementos”, diz Ana Carolina. Dependendo da localização do tumor, a alimentação via oral fica prejudicada, logo os nutricionistas elaboram a alimentação via sonda. Se, mesmo assim não der certo, é usada a nutrição parenteral, injetada diretamente na veia.
“É uma solução que inclui vários nutrientes e proteínas já quebradas, que chamamos de aminoácidos. É uma composição de carboidratos, vitaminas, minerais e gorduras que já vem pronta para ser absorvida sem passar por nenhum processo de digestão”, explica a nutricionista do A.C. Camargo.
* Informações do Portal IG