A crise está aí: o custo do câncer para a sociedade

A crise está aí: o custo do câncer para a sociedade

Artigo assinado pelo Doutor Victor Piana de Andrade, Diretor Geral do A.C.Camargo, e publicado originalmente na revista Veja

A cada ano, são cerca de 24 milhões de novos casos no mundo, e a doença mata mais de 10 milhões de pessoas. As que sobrevivem podem ter a qualidade de vida diminuída em vários graus, além de impactos na produtividade e na renda familiar.

Um ano sem qualidade de vida plena custa para o indivíduo e para a sociedade. Em 2019, o cálculo somando os anos por mortes precoces e os anos ajustados pela perda da qualidade de vida plena equivaleriam a 250 milhões de anos perdidos para o câncer anualmente.
 
São números indiretos, que às vezes temos dificuldade de entender ou visualizar, mas que causam enorme impacto na saúde e na economia.

Reflitam sobre a ausência do paciente e de familiares no trabalho em função dos cuidados do tratamento e pós-tratamento, dos deslocamentos entre a casa e o hospital, bem como o custo da morte prematura com a perda de um indivíduo produtivo para a sociedade e o custo dos benefícios sociais por incapacidade total ou parcial dos que sobrevivem.

O Brasil espera 705 mil novos casos de câncer por ano, e a incidência tende a crescer 40% em 20 anos com o envelhecimento da população e a adoção de maus hábitos.

Os custos do câncer vêm crescendo muito acima da inflação, seja pelo volume de novos pacientes diagnosticados, pelo custo dos materiais e medicamentos envolvidos ou pela ineficiência do cuidado, cada vez mais complexo e descoordenado. 

A cada ano, dezenas de novos medicamentos são lançados pela indústria farmacêutica, em especial as terapias com alvos moleculares (terapias-alvo ou imunoterapias), cheios de tecnologia e precisão, com menos toxicidade do que as quimioterapias convencionais, mas com custos muito mais elevados.

O dilema está em como adotar tantas novas tecnologias sem recursos para todos.

A terapia CAR-T, um tratamento personalizado para alguns quadros de leucemia, linfoma e mieloma múltiplo, chega a mais de 2 milhões de reais. Há, sem dúvida, um dilema sobre a relação custo X benefício entre médicos, instituições, operadoras e farmacêuticas.

Um estudo publicado em fevereiro de 2023 na revista JAMA Oncology estimou o custo do câncer entre 2020 e 2050 e sua distribuição em 204 países. 

Eles utilizaram o valor constante internacional do dólar de 2017 e concluíram que serão investidos aproximadamente 25 trilhões, o que equivale a 0,55% do produto interno bruto dos 204 países somados nesse período, chegando a 0,72% nos países mais ricos e 0,26% dos países mais pobres.

Ora, os países mais pobres têm 86% da população, 75% dos anos de vida perdidos, 61% do produto interno bruto e 49% dos custos do câncer de todo o grupo estudado, explicitando uma conjuntura que se traduz em diferenças abissais de controle da mortalidade e morbidade pela doença.

Nesta análise, os cânceres mais caros (custos diretos e indiretos somados) pela ordem foram: o câncer de pulmão (15%), seguido do câncer colorretal (11%), câncer de mama (8%), câncer de fígado (6%) e leucemia (6%). São condições complexas de cuidar, com longas internações, muitas terapias modernas combinadas.

Lupa nos problemas

O câncer de pulmão está fortemente associado ao fumo e é passível de prevenção e detecção precoce, mas ainda é diagnosticado em estágio avançado em mais de 90% dos casos.

Isso leva a uma maior necessidade de testes moleculares, tratamentos com quimioterapia, terapia-alvo e imunoterapias, sessões de radioterapia, internações prolongadas… Há, portanto, um enorme custo indireto envolvido.

A doença no pulmão representa o câncer com maior ganho de sobrevida em cinco anos desde os anos 2000. Os índices de sobrevivência dos pacientes saltaram de 10 a 50%, comparando pacientes diagnosticados em 2000 com aqueles de 2017, segundo o Observatório do Câncer do A.C.Camargo Cancer Center.

Esse salto se deve à introdução de novas terapias e melhora do controle de infecções e dos cuidados intensivos. Mas os custos de medicamentos nessa seara (terapia-alvo e imunoterapia) se multiplicaram desproporcionalmente se comparados à era da quimioterapia exclusiva.

Mudando o tipo da doença, sabemos que o câncer colorretal é associado a hábitos de vida, como dieta rica em gordura e pobre em fibras, obesidade e sedentarismo, levando vários anos para se desenvolver e se manifestar.

Há exames para rastreamento e detecção precoce, mas 98% dos indivíduos elegíveis não realizam exames de colonoscopia ou pesquisa de sangue oculto nas fezes de rotina, de acordo com estudo da Interfarma e da IQVIA de 2019

O resultado é que, em 55 a 60% dos casos, o câncer colorretal é diagnosticado em estágio avançado e requer uma complexa combinação de cirurgia, quimioterapia e terapias-alvo de alto custo, com sérios impactos sociais para o paciente e seus familiares.

Vimos no A.C.Camargo Cancer Center uma evolução da sobrevida em 5 anos de 57% dos pacientes para 79% dos pacientes diagnosticados entre 2000 e 2017.

Recentemente, nos debruçamos no A.C.Camargo Cancer Center sobre o câncer colorretal, comparando seus custos quando diagnosticado em estágio mais inicial (I) ou avançado (III).

Vimos que, no estágio III, os custos diretos são 40 vezes maiores que no estágio I. No estágio I, a lesão é retirada na própria colonoscopia e o sujeito se afasta do trabalho por dois dias; no estágio III, o paciente se afasta do emprego entre seis meses e dois anos e não retorna aos níveis de produtividade anteriores.

Outro exemplo: o câncer de mama nos estágios I pode ser curado em mais de 95% dos casos com cirurgia com ou sem radioterapia. Nos estágios mais avançados, o tratamento requer quimioterapia e terapias de alto custo.

O ganho de sobrevida após cinco anos do tratamento do câncer de mama, considerando todos os estágios agrupados, saltou de 83% em 2000 para 95% em 2017.

Embora não faltem mamógrafos em todas as regiões do Brasil, somente 30% das mulheres realizam regularmente a mamografia e é comum o diagnóstico ocorrer quando já existem sintomas.

Cerca de 17% das mulheres no setor privado e 37% do SUS são diagnosticadas em estágio avançado e o tempo para iniciar o tratamento é um dos pontos mais difíceis de se otimizar no SUS e no setor privado.

Nesse contexto, a Interfarma calculou, em 2019, que o total dos custos diretos do câncer no Brasil estão na ordem de 18,5 bilhões de reais, sendo 14 bilhões no setor privado e 4,5 bilhões no público.

Isso representa 10% de tudo que o país investe em saúde. Somente os medicamentos oncológicos representam quase 50% desse valor. A mesma análise revelou que os custos indiretos da doença chegam a 49,2 bilhões de reais (72% do custo total da oncologia no país).

Debate e soluções

Está claro que nenhuma nação está preparada para a crise atual e futura do custo do tratamento oncológico. Algo precisará mudar.

Estando o paciente no SUS ou no sistema privado, o impacto recai sobre cada um de nós através da dificuldade de pagamento do governo, das famílias com pequenos negócios ou das grandes empresas privadas que oferecem o benefício de saúde a colaboradores.

É mandatório que nos organizemos como sociedade para discutir essa pauta.

Para facilitar a árdua tarefa, podemos dividi-la em 5 pilares:

1.    Prevenção
Sempre foi a coisa certa a fazer pelo ser humano. Agora o argumento financeiro nos obriga a fazer melhor.A cada real investido em prevenção, a economia em custos diretos e indiretos no câncer é da ordem dez vezes. Nenhum país tem recursos infinitos, então precisamos organizar nossa agenda com foco na prevenção da doença.

2.    Tecnologias custo-efetivas
É preciso entender quanto custa tratar cada câncer no Brasil, qual o benefício individual e social que novos tratamentos alcançam e como afetam os custos diretos ou indiretos.Ter a coragem de não adotar todas as novas drogas com desbalanço de benefício e custo. A indústria precisa considerar a capacidade de pagamento e integrar prestadores e pagadores para encontrar soluções inovadoras e modelos em que o custo do tratamento tenha relação direta com os benefícios gerados aos pacientes.

3.    Protocolos e coordenação do cuidado
Tratar o câncer depende de dezenas de especialistas, médicos e não médicos, que precisam escolher qual a jornada mais adequada em cada caso a partir do tipo do tumor, do estadiamento, das condições e preferências do paciente e das tecnologias disponíveis. É indefensável a independência do médico no plano terapêutico se ele não estiver a serviço do paciente e baseado na mais recente evidência científica validada pelas maiores sociedades do mundo.

Coordenar o plano terapêutico com outros especialistas economiza tempo, recursos e aumenta a sobrevida. É necessário apostar em tecnologias digitais que agreguem agilidade, integração, eficiência, segurança e controle do desperdício. Vale a pena conhecer as iniciativas do Fórum Econômico Mundial, do Choosing Wisely e do ICHOM

4.    Foco na geração de valor ao paciente
O sistema atual incentiva e remunera o volume de serviços e tratamentos, sem o olhar da qualidade, a pertinência e o desperdício. Nos países onde já foi mensurado o custo do conjunto de procedimentos desnecessários, ineficientes, fúteis ou fraudes, foi estimado um gasto evitável de 20 a 40% dos recursos da saúde.

Há muitas situações na oncologia em que fazer mais tratamento não é o melhor para o paciente. Devemos evoluir para um modelo que valorize e remunere pelos desfechos que mais importam ao paciente, estimulando a transparência dos dados, a qualidade, a segurança e o controle da ineficiência.

5.    Reabilitação física e mental dos sobreviventes
Isso é vital para a reinserção dos pacientes em alguma atividade produtiva, sempre que possível. As terapias modernas deixam sequelas mais brandas do que no passado, muitos sobreviventes têm funcionalidade e motivações suficientes, mas não têm sido preparados para retornar à vida produtiva e enfrentam o preconceito do mercado de trabalho. Em resumo, eles precisam de suporte.

O câncer é a doença que mais cresce em frequência e custos no mundo. O problema é de todos nós e afeta a todos nós. Precisamos falar disso!

Fonte: A.C Camargo

Artigo assinado pelo Doutor Victor Piana de Andrade, Diretor Geral do A.C.Camargo, e publicado originalmente na revista Veja

A cada ano, são cerca de 24 milhões de novos casos no mundo, e a doença mata mais de 10 milhões de pessoas. As que sobrevivem podem ter a qualidade de vida diminuída em vários graus, além de impactos na produtividade e na renda familiar.

Um ano sem qualidade de vida plena custa para o indivíduo e para a sociedade. Em 2019, o cálculo somando os anos por mortes precoces e os anos ajustados pela perda da qualidade de vida plena equivaleriam a 250 milhões de anos perdidos para o câncer anualmente.
 
São números indiretos, que às vezes temos dificuldade de entender ou visualizar, mas que causam enorme impacto na saúde e na economia.

Reflitam sobre a ausência do paciente e de familiares no trabalho em função dos cuidados do tratamento e pós-tratamento, dos deslocamentos entre a casa e o hospital, bem como o custo da morte prematura com a perda de um indivíduo produtivo para a sociedade e o custo dos benefícios sociais por incapacidade total ou parcial dos que sobrevivem.

O Brasil espera 705 mil novos casos de câncer por ano, e a incidência tende a crescer 40% em 20 anos com o envelhecimento da população e a adoção de maus hábitos.

Os custos do câncer vêm crescendo muito acima da inflação, seja pelo volume de novos pacientes diagnosticados, pelo custo dos materiais e medicamentos envolvidos ou pela ineficiência do cuidado, cada vez mais complexo e descoordenado. 

A cada ano, dezenas de novos medicamentos são lançados pela indústria farmacêutica, em especial as terapias com alvos moleculares (terapias-alvo ou imunoterapias), cheios de tecnologia e precisão, com menos toxicidade do que as quimioterapias convencionais, mas com custos muito mais elevados.

O dilema está em como adotar tantas novas tecnologias sem recursos para todos.

A terapia CAR-T, um tratamento personalizado para alguns quadros de leucemia, linfoma e mieloma múltiplo, chega a mais de 2 milhões de reais. Há, sem dúvida, um dilema sobre a relação custo X benefício entre médicos, instituições, operadoras e farmacêuticas.

Um estudo publicado em fevereiro de 2023 na revista JAMA Oncology estimou o custo do câncer entre 2020 e 2050 e sua distribuição em 204 países. 

Eles utilizaram o valor constante internacional do dólar de 2017 e concluíram que serão investidos aproximadamente 25 trilhões, o que equivale a 0,55% do produto interno bruto dos 204 países somados nesse período, chegando a 0,72% nos países mais ricos e 0,26% dos países mais pobres.

Ora, os países mais pobres têm 86% da população, 75% dos anos de vida perdidos, 61% do produto interno bruto e 49% dos custos do câncer de todo o grupo estudado, explicitando uma conjuntura que se traduz em diferenças abissais de controle da mortalidade e morbidade pela doença.

Nesta análise, os cânceres mais caros (custos diretos e indiretos somados) pela ordem foram: o câncer de pulmão (15%), seguido do câncer colorretal (11%), câncer de mama (8%), câncer de fígado (6%) e leucemia (6%). São condições complexas de cuidar, com longas internações, muitas terapias modernas combinadas.

Lupa nos problemas

O câncer de pulmão está fortemente associado ao fumo e é passível de prevenção e detecção precoce, mas ainda é diagnosticado em estágio avançado em mais de 90% dos casos.

Isso leva a uma maior necessidade de testes moleculares, tratamentos com quimioterapia, terapia-alvo e imunoterapias, sessões de radioterapia, internações prolongadas… Há, portanto, um enorme custo indireto envolvido.

A doença no pulmão representa o câncer com maior ganho de sobrevida em cinco anos desde os anos 2000. Os índices de sobrevivência dos pacientes saltaram de 10 a 50%, comparando pacientes diagnosticados em 2000 com aqueles de 2017, segundo o Observatório do Câncer do A.C.Camargo Cancer Center.

Esse salto se deve à introdução de novas terapias e melhora do controle de infecções e dos cuidados intensivos. Mas os custos de medicamentos nessa seara (terapia-alvo e imunoterapia) se multiplicaram desproporcionalmente se comparados à era da quimioterapia exclusiva.

Mudando o tipo da doença, sabemos que o câncer colorretal é associado a hábitos de vida, como dieta rica em gordura e pobre em fibras, obesidade e sedentarismo, levando vários anos para se desenvolver e se manifestar.

Há exames para rastreamento e detecção precoce, mas 98% dos indivíduos elegíveis não realizam exames de colonoscopia ou pesquisa de sangue oculto nas fezes de rotina, de acordo com estudo da Interfarma e da IQVIA de 2019

O resultado é que, em 55 a 60% dos casos, o câncer colorretal é diagnosticado em estágio avançado e requer uma complexa combinação de cirurgia, quimioterapia e terapias-alvo de alto custo, com sérios impactos sociais para o paciente e seus familiares.

Vimos no A.C.Camargo Cancer Center uma evolução da sobrevida em 5 anos de 57% dos pacientes para 79% dos pacientes diagnosticados entre 2000 e 2017.

Recentemente, nos debruçamos no A.C.Camargo Cancer Center sobre o câncer colorretal, comparando seus custos quando diagnosticado em estágio mais inicial (I) ou avançado (III).

Vimos que, no estágio III, os custos diretos são 40 vezes maiores que no estágio I. No estágio I, a lesão é retirada na própria colonoscopia e o sujeito se afasta do trabalho por dois dias; no estágio III, o paciente se afasta do emprego entre seis meses e dois anos e não retorna aos níveis de produtividade anteriores.

Outro exemplo: o câncer de mama nos estágios I pode ser curado em mais de 95% dos casos com cirurgia com ou sem radioterapia. Nos estágios mais avançados, o tratamento requer quimioterapia e terapias de alto custo.

O ganho de sobrevida após cinco anos do tratamento do câncer de mama, considerando todos os estágios agrupados, saltou de 83% em 2000 para 95% em 2017.

Embora não faltem mamógrafos em todas as regiões do Brasil, somente 30% das mulheres realizam regularmente a mamografia e é comum o diagnóstico ocorrer quando já existem sintomas.

Cerca de 17% das mulheres no setor privado e 37% do SUS são diagnosticadas em estágio avançado e o tempo para iniciar o tratamento é um dos pontos mais difíceis de se otimizar no SUS e no setor privado.

Nesse contexto, a Interfarma calculou, em 2019, que o total dos custos diretos do câncer no Brasil estão na ordem de 18,5 bilhões de reais, sendo 14 bilhões no setor privado e 4,5 bilhões no público.

Isso representa 10% de tudo que o país investe em saúde. Somente os medicamentos oncológicos representam quase 50% desse valor. A mesma análise revelou que os custos indiretos da doença chegam a 49,2 bilhões de reais (72% do custo total da oncologia no país).

Debate e soluções

Está claro que nenhuma nação está preparada para a crise atual e futura do custo do tratamento oncológico. Algo precisará mudar.

Estando o paciente no SUS ou no sistema privado, o impacto recai sobre cada um de nós através da dificuldade de pagamento do governo, das famílias com pequenos negócios ou das grandes empresas privadas que oferecem o benefício de saúde a colaboradores.

É mandatório que nos organizemos como sociedade para discutir essa pauta.

Para facilitar a árdua tarefa, podemos dividi-la em 5 pilares:

1.    Prevenção
Sempre foi a coisa certa a fazer pelo ser humano. Agora o argumento financeiro nos obriga a fazer melhor.A cada real investido em prevenção, a economia em custos diretos e indiretos no câncer é da ordem dez vezes. Nenhum país tem recursos infinitos, então precisamos organizar nossa agenda com foco na prevenção da doença.

2.    Tecnologias custo-efetivas
É preciso entender quanto custa tratar cada câncer no Brasil, qual o benefício individual e social que novos tratamentos alcançam e como afetam os custos diretos ou indiretos.Ter a coragem de não adotar todas as novas drogas com desbalanço de benefício e custo. A indústria precisa considerar a capacidade de pagamento e integrar prestadores e pagadores para encontrar soluções inovadoras e modelos em que o custo do tratamento tenha relação direta com os benefícios gerados aos pacientes.

3.    Protocolos e coordenação do cuidado
Tratar o câncer depende de dezenas de especialistas, médicos e não médicos, que precisam escolher qual a jornada mais adequada em cada caso a partir do tipo do tumor, do estadiamento, das condições e preferências do paciente e das tecnologias disponíveis. É indefensável a independência do médico no plano terapêutico se ele não estiver a serviço do paciente e baseado na mais recente evidência científica validada pelas maiores sociedades do mundo.

Coordenar o plano terapêutico com outros especialistas economiza tempo, recursos e aumenta a sobrevida. É necessário apostar em tecnologias digitais que agreguem agilidade, integração, eficiência, segurança e controle do desperdício. Vale a pena conhecer as iniciativas do Fórum Econômico Mundial, do Choosing Wisely e do ICHOM

4.    Foco na geração de valor ao paciente
O sistema atual incentiva e remunera o volume de serviços e tratamentos, sem o olhar da qualidade, a pertinência e o desperdício. Nos países onde já foi mensurado o custo do conjunto de procedimentos desnecessários, ineficientes, fúteis ou fraudes, foi estimado um gasto evitável de 20 a 40% dos recursos da saúde.

Há muitas situações na oncologia em que fazer mais tratamento não é o melhor para o paciente. Devemos evoluir para um modelo que valorize e remunere pelos desfechos que mais importam ao paciente, estimulando a transparência dos dados, a qualidade, a segurança e o controle da ineficiência.

5.    Reabilitação física e mental dos sobreviventes
Isso é vital para a reinserção dos pacientes em alguma atividade produtiva, sempre que possível. As terapias modernas deixam sequelas mais brandas do que no passado, muitos sobreviventes têm funcionalidade e motivações suficientes, mas não têm sido preparados para retornar à vida produtiva e enfrentam o preconceito do mercado de trabalho. Em resumo, eles precisam de suporte.

O câncer é a doença que mais cresce em frequência e custos no mundo. O problema é de todos nós e afeta a todos nós. Precisamos falar disso!

Fonte: A.C Camargo