As ferramentas para a luta
Informação é a maior aliada no combate ao câncer. Principais temas relacionados à doença foram debatidos durante evento em Brasília
Os sistemas de saúde do país precisam estar preparados para receber os pacientes com diagnóstico de câncer com informações completas sobre a doença e as possibilidades detratamento. No entanto, a rede pública ainda enfrenta diversos obstáculos para garantir os direitos das pessoas que têm essas neoplasias. Especialistas relacionam problemas de gestão e de subfinanciamento que geram atrasos em consultas e procedimentos, comprometendo os resultados do tratamento.
Uma das principais conquistas nesse sentido foi a Lei nº 12.732, de 2012, conhecida como Lei dos 60 dias. A norma determina que a pessoa com neoplasia maligna deve ter acesso ao primeiro tratamento no Sistema Único de Saúde (SUS) no prazo de até dois meses contados do dia em que for firmado o diagnóstico em laudo patológico ou em prazo menor, conforme a necessidade terapêutica do caso.
Nivaldo Farias Vieira, diretor da Clínica OncoHematos, em Sergipe, destaca que os principais tratamentos para a doença estão disponíveis no SUS, mas alerta que o acesso é limitado, pois existe grande carência de recursos . “O Brasil não dispõe de unidades habilitadas em oncologia em número suficiente para atender à demanda As atual, tanto em pacientes já em tratamento quanto em casos novos”, afirma. O deficit é maior nas regiões Norte e Nordeste do país. Juntas, elas precisariam de mais 66 unidades habilitadas em oncologia, de acordo com dados da Secretaria de Atenção à Saúde (SAS) do Ministério da Saúde.
Na avaliação do especialista, a solução para ampliar o acesso ao tratamento de câncer pelo SUS seria um sistema mais moderno e eficaz, além do aumento do nú- mero de centros especializados e de profissionais que atendam aos pacientes. “Há excesso de procura de determinados profissionais, porém existe, muitas vezes, desorganização nas filas de oferta. Os modelos de distribuição de vagas ainda não estão devidamente informatizados e os sistemas ainda não têm interface adequada”, completa.
Decisões
Existem diversos tipos de tratamento disponíveis (veja o quadro) e a escolha da melhor op- ção depende também de um conjunto de fatores, como o tipo de câncer, a localização e a extensão do tumor — processo chamado de estadiamento —, e o estado de saúde do paciente. A psicóloga Luciana Holtz, presidente do Instituto Oncoguia, lembra que, às vezes, é preciso conjugar mais de um tratamento. Podem ser necessárias sessões de quimio e de radioterapia antes de uma cirurgia, por exemplo, para que o procedimento seja menos agressivo. Essa decisão será tomada pelo médico a partir dos exames solicitados e o paciente pode e deve pedir uma segunda opinião para saber se foi feita a melhor escolha.
Durante todo o processo, é necessário que o paciente entenda o próprio papel no tratamento, tomando uma posição proativa. “Dessa forma, ele se sentirá maisseguro, mais ouvido, mais respeitado, conhecedor dos próprios direitos, e poderá opinar sobre cada passo a ser dado”, observa Nivaldo FariasVieira.
Além disso, é fundamentalaproveitar a primeira consulta, que pode ser com o oncologista ou com o cirurgião, para elucidar todos os questionamentos a respeito da doença, mesmo que o momento seja assustador. Devem ser feitas perguntas como: qual é o plano de tratamento; qual o objetivo (cura ou controle dos sintomas); se haverá sequelas; se será possível continuar trabalhando. “É muito importante ele se preparar para o que vem pela frente”, ressalta Luciana Holtz.
Foi com o objetivo de discutir esse acesso e outros temas atuais relacionados ao combate à doença que o Instituto Oncoguia, organização não governamental criada por profissionais da saúde e ex-pacientes de câncer, promoveu o 6º fórum da entidade. Com o tema Câncer, um problema de todos nós, o evento reuniu médicos, pacientes, representantes do governo e da indústria farmacêutica na sede da Associação Médica de Brasília (AMBr), em 18 e 19 de maio.
Fonte: Correio Braziliense
Informação é a maior aliada no combate ao câncer. Principais temas relacionados à doença foram debatidos durante evento em Brasília
Os sistemas de saúde do país precisam estar preparados para receber os pacientes com diagnóstico de câncer com informações completas sobre a doença e as possibilidades detratamento. No entanto, a rede pública ainda enfrenta diversos obstáculos para garantir os direitos das pessoas que têm essas neoplasias. Especialistas relacionam problemas de gestão e de subfinanciamento que geram atrasos em consultas e procedimentos, comprometendo os resultados do tratamento.
Uma das principais conquistas nesse sentido foi a Lei nº 12.732, de 2012, conhecida como Lei dos 60 dias. A norma determina que a pessoa com neoplasia maligna deve ter acesso ao primeiro tratamento no Sistema Único de Saúde (SUS) no prazo de até dois meses contados do dia em que for firmado o diagnóstico em laudo patológico ou em prazo menor, conforme a necessidade terapêutica do caso.
Nivaldo Farias Vieira, diretor da Clínica OncoHematos, em Sergipe, destaca que os principais tratamentos para a doença estão disponíveis no SUS, mas alerta que o acesso é limitado, pois existe grande carência de recursos . “O Brasil não dispõe de unidades habilitadas em oncologia em número suficiente para atender à demanda As atual, tanto em pacientes já em tratamento quanto em casos novos”, afirma. O deficit é maior nas regiões Norte e Nordeste do país. Juntas, elas precisariam de mais 66 unidades habilitadas em oncologia, de acordo com dados da Secretaria de Atenção à Saúde (SAS) do Ministério da Saúde.
Na avaliação do especialista, a solução para ampliar o acesso ao tratamento de câncer pelo SUS seria um sistema mais moderno e eficaz, além do aumento do nú- mero de centros especializados e de profissionais que atendam aos pacientes. “Há excesso de procura de determinados profissionais, porém existe, muitas vezes, desorganização nas filas de oferta. Os modelos de distribuição de vagas ainda não estão devidamente informatizados e os sistemas ainda não têm interface adequada”, completa.
Decisões
Existem diversos tipos de tratamento disponíveis (veja o quadro) e a escolha da melhor op- ção depende também de um conjunto de fatores, como o tipo de câncer, a localização e a extensão do tumor — processo chamado de estadiamento —, e o estado de saúde do paciente. A psicóloga Luciana Holtz, presidente do Instituto Oncoguia, lembra que, às vezes, é preciso conjugar mais de um tratamento. Podem ser necessárias sessões de quimio e de radioterapia antes de uma cirurgia, por exemplo, para que o procedimento seja menos agressivo. Essa decisão será tomada pelo médico a partir dos exames solicitados e o paciente pode e deve pedir uma segunda opinião para saber se foi feita a melhor escolha.
Durante todo o processo, é necessário que o paciente entenda o próprio papel no tratamento, tomando uma posição proativa. “Dessa forma, ele se sentirá maisseguro, mais ouvido, mais respeitado, conhecedor dos próprios direitos, e poderá opinar sobre cada passo a ser dado”, observa Nivaldo FariasVieira.
Além disso, é fundamentalaproveitar a primeira consulta, que pode ser com o oncologista ou com o cirurgião, para elucidar todos os questionamentos a respeito da doença, mesmo que o momento seja assustador. Devem ser feitas perguntas como: qual é o plano de tratamento; qual o objetivo (cura ou controle dos sintomas); se haverá sequelas; se será possível continuar trabalhando. “É muito importante ele se preparar para o que vem pela frente”, ressalta Luciana Holtz.
Foi com o objetivo de discutir esse acesso e outros temas atuais relacionados ao combate à doença que o Instituto Oncoguia, organização não governamental criada por profissionais da saúde e ex-pacientes de câncer, promoveu o 6º fórum da entidade. Com o tema Câncer, um problema de todos nós, o evento reuniu médicos, pacientes, representantes do governo e da indústria farmacêutica na sede da Associação Médica de Brasília (AMBr), em 18 e 19 de maio.
Fonte: Correio Braziliense