Cuidados paliativos em câncer pediátrico: da incerteza do prognóstico a dificuldade de comunicação com a família

Cuidados paliativos em câncer pediátrico: da incerteza do prognóstico a dificuldade de comunicação com a família

Dando sequência ao painel de tumores pediátricos na edição de 2023 do Next Frontiers to Cure Cancer, a médica oncologista do A.C.Camargo Cancer Center, Dra. Cecília Costa, abordou um daqueles temas que, ao olhar de cara, pode parecer batido ou óbvio, mas que gera um enorme impacto no tratamento paliativo de crianças: a condução, tanto do diagnóstico terminal, quanto da conversa com os pais ou responsáveis sobre ele. 

“Um prognóstico se baseia não só no diagnóstico e estadiamento, mas também em características do indivíduo e experiência de vida do médico, fatos que, juntos, influenciam muito na decisão”, explica Dra. Cecília, levantando o seguinte questionamento: será que o que atrapalha os cuidados paliativos neste tipo de prognóstico é a dificuldade de aceitação dos pais ou a falha de comunicação dos médicos? 

Este questionamento se dá muito pelo fato de algumas pesquisas apontarem um grau elevado de prognósticos muito otimistas para casos pediátricos terminais e também pela recorrência do início dos cuidados paliativos em estágios já muito avançados destes diagnósticos.  

“Muitos médicos pensam: como vou falar que o câncer é incurável e de repente o paciente sobrevive? E se eu falar que ele tem dias de vida e ele viver mais?”, diz a médica oncologista pediatra, concluindo que, o primeiro passo para evitar entrar neste caminho é o próprio médico reforçar para si mesmo que diagnósticos são imprecisos e, assim, da mesma forma, o transmitir à família. Admitir que, o que sabemos são situações “semelhantes” que aconteceram com outros pacientes ou vistas na literatura e isso não define nada, apenas guia.

Quando se fala a verdade, a chance de ter um maior vínculo de confiança aumenta. Mais do que não conseguir fazer a expectativa de fim de vida, não se admite que não é possível e dificulta a conversa com a família

Dra. Cecília Costa

Para a Dra. Cecília, a jornada ideal seria o diagnóstico e o prognóstico, estimativa de sobrevida, comunicado do prognóstico e entendimento comum, tudo com base em diretivas antecipadas de vontades, tomada de decisão compartilhada, o cuidado com se afirmar algo com 100% de certeza e zelar pelos cuidados com ênfase no conforto e valores da família e do paciente.

 

Fonte: A.C Camargo

Dando sequência ao painel de tumores pediátricos na edição de 2023 do Next Frontiers to Cure Cancer, a médica oncologista do A.C.Camargo Cancer Center, Dra. Cecília Costa, abordou um daqueles temas que, ao olhar de cara, pode parecer batido ou óbvio, mas que gera um enorme impacto no tratamento paliativo de crianças: a condução, tanto do diagnóstico terminal, quanto da conversa com os pais ou responsáveis sobre ele. 

“Um prognóstico se baseia não só no diagnóstico e estadiamento, mas também em características do indivíduo e experiência de vida do médico, fatos que, juntos, influenciam muito na decisão”, explica Dra. Cecília, levantando o seguinte questionamento: será que o que atrapalha os cuidados paliativos neste tipo de prognóstico é a dificuldade de aceitação dos pais ou a falha de comunicação dos médicos? 

Este questionamento se dá muito pelo fato de algumas pesquisas apontarem um grau elevado de prognósticos muito otimistas para casos pediátricos terminais e também pela recorrência do início dos cuidados paliativos em estágios já muito avançados destes diagnósticos.  

“Muitos médicos pensam: como vou falar que o câncer é incurável e de repente o paciente sobrevive? E se eu falar que ele tem dias de vida e ele viver mais?”, diz a médica oncologista pediatra, concluindo que, o primeiro passo para evitar entrar neste caminho é o próprio médico reforçar para si mesmo que diagnósticos são imprecisos e, assim, da mesma forma, o transmitir à família. Admitir que, o que sabemos são situações “semelhantes” que aconteceram com outros pacientes ou vistas na literatura e isso não define nada, apenas guia.

Quando se fala a verdade, a chance de ter um maior vínculo de confiança aumenta. Mais do que não conseguir fazer a expectativa de fim de vida, não se admite que não é possível e dificulta a conversa com a família

Dra. Cecília Costa

Para a Dra. Cecília, a jornada ideal seria o diagnóstico e o prognóstico, estimativa de sobrevida, comunicado do prognóstico e entendimento comum, tudo com base em diretivas antecipadas de vontades, tomada de decisão compartilhada, o cuidado com se afirmar algo com 100% de certeza e zelar pelos cuidados com ênfase no conforto e valores da família e do paciente.

 

Fonte: A.C Camargo