Mesotelioma pleural: como um mineral outrora considerado mágico virou um vilão relacionado a este raro tumor

Mesotelioma pleural: como um mineral outrora considerado mágico virou um vilão relacionado a este raro tumor

No Dia Mundial das Doenças Raras (28/2), confira a coluna “Fala, Doutor”, assinada pelo Dr. Daniel Garcia, oncologista clínico do A.C.Camargo

O mesotelioma pleural é um raro tipo de câncer associado ao asbesto, também conhecido como amianto, que já foi considerado um mineral mágico, mas passou a ser visto como perigoso.


O que é asbesto?

Asbesto, também chamado de amianto, é o nome de um grupo de minérios fibrosos compostos por silicatos de magnésio e cálcio, com ou sem outros elementos minerais, que possui a forma de fibras longas e finas. 

Por ter grande flexibilidade, resistência química, térmica e à tensão, foi apelidado de “mineral mágico”. Por muitos anos, o asbesto foi comumente utilizado em isolamentos térmicos e acústicos, freios e embreagens de carros, construção de navios, telhas, tubulações, tecidos e muitos outros materiais. 

Com o surgimento de casos de doenças relacionadas à exposição ao asbesto, em novembro de 2017 o Superior Tribunal Federal (STF) proibiu a extração, industrialização, comercialização e distribuição do asbesto no Brasil.


Como se dá a exposição ao asbesto?

A exposição ao asbesto, em algum momento da vida, é esperada. Baixos níveis de asbesto estão presentes no ar, água e solo. No entanto, a maioria das pessoas não adoece com esta exposição. 

As pessoas que adoecem com o asbesto são geralmente aquelas que são expostas a ele regularmente, geralmente em um trabalho onde se manuseia diretamente o material ou por meio de contato ambiental substancial. 

Existem algumas evidências de que familiares de trabalhadores altamente expostos ao asbesto enfrentam um risco aumentado de adoecer. Acredita-se que esse risco resulte da exposição às fibras de asbesto trazidas para dentro de casa nos sapatos, roupas, pele e cabelo dos trabalhadores. 

De acordo com a OMS, aproximadamente 125 milhões de pessoas estão expostas ao asbesto em seus locais de trabalho no mundo.


Quanto tempo leva para um problema relacionado ao asbesto se manifestar?

Embora seja claro que os riscos à saúde da exposição ao asbesto aumentam com a exposição mais pesada e o tempo de exposição mais longo, existem relatos de doenças relacionadas ao asbesto em indivíduos com exposições breves. 

Geralmente, aqueles que desenvolvem doenças relacionadas ao asbesto não apresentam sinais de doença por um longo tempo após a exposição. Podem levar de 10 a 40 anos ou mais para que os sintomas apareçam.


Quais problemas de saúde a exposição ao asbesto causa?

As fibras de asbesto são muito pequenas. Quando elas se soltam no ar, as pessoas podem inspirá-las para os pulmões, onde ficam presas. As fibras presas nos pulmões podem causar problemas como:

  • Asbestose: uma cicatriz nos pulmões, que dificulta a respiração
  • Câncer: de pulmão e mesotelioma maligno, um tumor raro que ocorre mais frequentemente no revestimento ao redor dos pulmões (região denominada pleura)
  • Problemas pleurais: cicatrizes, espessamentos e acúmulo de líquido nas pleuras


O que é o mesotelioma maligno?

O mesotelioma maligno é uma neoplasia rara e insidiosa com prognóstico reservado. Origina-se das superfícies mesoteliais da cavidade pleural, cavidade peritoneal, túnica vaginal ou pericárdio. 

O mesotelioma pleural maligno é o tipo mais comum e pode ser difícil de tratar porque a maioria dos pacientes tem doença avançada na apresentação.


Quais são os sintomas do mesotelioma pleural?

Os principais sinais são inespecíficos e ocorrem de forma gradual:

  • Falta de ar
  • Dor no peito
  • Tosse
  • Rouquidão
  • Dificuldade para engolir

Ter estes sintomas não significa que a causa seja o mesotelioma pleural. Muitas condições comuns causam falta de ar, dor no peito, tosse e os demais sintomas. A maioria dessas condições é muito mais comum do que o mesotelioma pleural.


Quais exames podem ser necessários?

  • Raio-X de tórax e outros exames de imagem como tomografia computadorizada, PET ou ressonância magnética
  • Espirometria: o paciente assopra através de um tubo onde os parâmetros da respiração são avaliados
  • Broncoscopia: um tubo fino é utilizado para visualizar o interior das vias aéreas
  • Biópsia: uma pequena amostra de tecido da pleura é coletada e o médico patologista a examina no microscópio para verificar se há mesotelioma ou outras alterações.


Como tratar o mesotelioma pleural?

O tratamento depende de diversos fatores, como idade, estado geral de saúde e sintomas causados pela doença. 
Alguns pacientes receberão uma combinação de tratamentos, dentre eles:

  • Cirurgia: durante a operação, os médicos podem:
  1.      Remover partes ou a totalidade do tumor
  2.      Drenar o fluido ao redor do pulmão
  3.      Colocar uma substância que causa aderência no espaço ao redor do pulmão (espaço pleural), o que pode ajudar a evitar que o fluido se acumule nesta região
  • Radioterapia: a radiação mata as células cancerígenas
  • Quimioterapia: consiste em medicamentos que matam as células cancerosas ou as impedem de crescer
  • Imunoterapia: consiste em medicamentos que estimulam o sistema imune a atacar o câncer


Existe prevenção para o mesotelioma?

O mesotelioma pode ser prevenido, mas é necessário se informar sobre onde o asbesto pode estar escondido, pois ele ainda permanece nos lugares em que vivemos e trabalhamos. 

O asbesto foi adicionado a milhares de produtos durante décadas. Muitos destes, especialmente materiais de construção, ainda podem ser encontrados em residências, escritórios e fábricas. 

Ter esses materiais em casa não traz riscos, desde que não estejam danificados ou se deteriorando. Esses materiais, se manipulados durante reformas e construções, podem liberar as fibras de asbesto no ar.

Trabalhadores de setores como construção naval, instalação de freios, demolição de prédios, entre outros, precisam utilizar equipamentos de proteção e seguir os procedimentos de segurança para reduzir o risco de exposição. 

Mais de 50 países no mundo já proibiram a utilização do asbesto. Atualmente, as nações em desenvolvimento são mais vulneráveis às pressões políticas e econômicas da indústria do asbesto em virtude da necessidade de novos investimentos e da manutenção e criação de empregos. 

Em decorrência dessa situação peculiar, é previsível que, no próximo século, as doenças relacionadas ao asbesto sejam mais incidentes em países em desenvolvimento.

Fonte: A.C Camargo

No Dia Mundial das Doenças Raras (28/2), confira a coluna “Fala, Doutor”, assinada pelo Dr. Daniel Garcia, oncologista clínico do A.C.Camargo

O mesotelioma pleural é um raro tipo de câncer associado ao asbesto, também conhecido como amianto, que já foi considerado um mineral mágico, mas passou a ser visto como perigoso.


O que é asbesto?

Asbesto, também chamado de amianto, é o nome de um grupo de minérios fibrosos compostos por silicatos de magnésio e cálcio, com ou sem outros elementos minerais, que possui a forma de fibras longas e finas. 

Por ter grande flexibilidade, resistência química, térmica e à tensão, foi apelidado de “mineral mágico”. Por muitos anos, o asbesto foi comumente utilizado em isolamentos térmicos e acústicos, freios e embreagens de carros, construção de navios, telhas, tubulações, tecidos e muitos outros materiais. 

Com o surgimento de casos de doenças relacionadas à exposição ao asbesto, em novembro de 2017 o Superior Tribunal Federal (STF) proibiu a extração, industrialização, comercialização e distribuição do asbesto no Brasil.


Como se dá a exposição ao asbesto?

A exposição ao asbesto, em algum momento da vida, é esperada. Baixos níveis de asbesto estão presentes no ar, água e solo. No entanto, a maioria das pessoas não adoece com esta exposição. 

As pessoas que adoecem com o asbesto são geralmente aquelas que são expostas a ele regularmente, geralmente em um trabalho onde se manuseia diretamente o material ou por meio de contato ambiental substancial. 

Existem algumas evidências de que familiares de trabalhadores altamente expostos ao asbesto enfrentam um risco aumentado de adoecer. Acredita-se que esse risco resulte da exposição às fibras de asbesto trazidas para dentro de casa nos sapatos, roupas, pele e cabelo dos trabalhadores. 

De acordo com a OMS, aproximadamente 125 milhões de pessoas estão expostas ao asbesto em seus locais de trabalho no mundo.


Quanto tempo leva para um problema relacionado ao asbesto se manifestar?

Embora seja claro que os riscos à saúde da exposição ao asbesto aumentam com a exposição mais pesada e o tempo de exposição mais longo, existem relatos de doenças relacionadas ao asbesto em indivíduos com exposições breves. 

Geralmente, aqueles que desenvolvem doenças relacionadas ao asbesto não apresentam sinais de doença por um longo tempo após a exposição. Podem levar de 10 a 40 anos ou mais para que os sintomas apareçam.


Quais problemas de saúde a exposição ao asbesto causa?

As fibras de asbesto são muito pequenas. Quando elas se soltam no ar, as pessoas podem inspirá-las para os pulmões, onde ficam presas. As fibras presas nos pulmões podem causar problemas como:

  • Asbestose: uma cicatriz nos pulmões, que dificulta a respiração
  • Câncer: de pulmão e mesotelioma maligno, um tumor raro que ocorre mais frequentemente no revestimento ao redor dos pulmões (região denominada pleura)
  • Problemas pleurais: cicatrizes, espessamentos e acúmulo de líquido nas pleuras


O que é o mesotelioma maligno?

O mesotelioma maligno é uma neoplasia rara e insidiosa com prognóstico reservado. Origina-se das superfícies mesoteliais da cavidade pleural, cavidade peritoneal, túnica vaginal ou pericárdio. 

O mesotelioma pleural maligno é o tipo mais comum e pode ser difícil de tratar porque a maioria dos pacientes tem doença avançada na apresentação.


Quais são os sintomas do mesotelioma pleural?

Os principais sinais são inespecíficos e ocorrem de forma gradual:

  • Falta de ar
  • Dor no peito
  • Tosse
  • Rouquidão
  • Dificuldade para engolir

Ter estes sintomas não significa que a causa seja o mesotelioma pleural. Muitas condições comuns causam falta de ar, dor no peito, tosse e os demais sintomas. A maioria dessas condições é muito mais comum do que o mesotelioma pleural.


Quais exames podem ser necessários?

  • Raio-X de tórax e outros exames de imagem como tomografia computadorizada, PET ou ressonância magnética
  • Espirometria: o paciente assopra através de um tubo onde os parâmetros da respiração são avaliados
  • Broncoscopia: um tubo fino é utilizado para visualizar o interior das vias aéreas
  • Biópsia: uma pequena amostra de tecido da pleura é coletada e o médico patologista a examina no microscópio para verificar se há mesotelioma ou outras alterações.


Como tratar o mesotelioma pleural?

O tratamento depende de diversos fatores, como idade, estado geral de saúde e sintomas causados pela doença. 
Alguns pacientes receberão uma combinação de tratamentos, dentre eles:

  • Cirurgia: durante a operação, os médicos podem:
  1.      Remover partes ou a totalidade do tumor
  2.      Drenar o fluido ao redor do pulmão
  3.      Colocar uma substância que causa aderência no espaço ao redor do pulmão (espaço pleural), o que pode ajudar a evitar que o fluido se acumule nesta região
  • Radioterapia: a radiação mata as células cancerígenas
  • Quimioterapia: consiste em medicamentos que matam as células cancerosas ou as impedem de crescer
  • Imunoterapia: consiste em medicamentos que estimulam o sistema imune a atacar o câncer


Existe prevenção para o mesotelioma?

O mesotelioma pode ser prevenido, mas é necessário se informar sobre onde o asbesto pode estar escondido, pois ele ainda permanece nos lugares em que vivemos e trabalhamos. 

O asbesto foi adicionado a milhares de produtos durante décadas. Muitos destes, especialmente materiais de construção, ainda podem ser encontrados em residências, escritórios e fábricas. 

Ter esses materiais em casa não traz riscos, desde que não estejam danificados ou se deteriorando. Esses materiais, se manipulados durante reformas e construções, podem liberar as fibras de asbesto no ar.

Trabalhadores de setores como construção naval, instalação de freios, demolição de prédios, entre outros, precisam utilizar equipamentos de proteção e seguir os procedimentos de segurança para reduzir o risco de exposição. 

Mais de 50 países no mundo já proibiram a utilização do asbesto. Atualmente, as nações em desenvolvimento são mais vulneráveis às pressões políticas e econômicas da indústria do asbesto em virtude da necessidade de novos investimentos e da manutenção e criação de empregos. 

Em decorrência dessa situação peculiar, é previsível que, no próximo século, as doenças relacionadas ao asbesto sejam mais incidentes em países em desenvolvimento.

Fonte: A.C Camargo