‘Pílula do câncer’ vira suplemento, e Anvisa investigará se há infração
Dois dos cientistas que pesquisavam a fosfoetanolamina (conhecida como pílula do câncer) se separaram do grupo de investigação e vão lançar sua própria versão da substância como suplemento. A mudança de categoria, afirmam, foi uma forma de acelerar seu acesso no país.
“Como medicamento, o prazo [para lançamento] pode ser dois, três, quatro, às vezes até cinco anos”, disse Marcos Vinícius de Almeida, um dos cientistas responsáveis pelo suplemento.
A substância será fabricada nos EUA –onde a aprovação de suplementos é facilitada– e poderá ser importada a partir de março. Ainda não há preço definido, diz Almeida.
A importação de suplementos e remédios para uso individual não precisa da aprovação da Anvisa, desde que a quantidade não seja característica para venda. Se o suplemento for importado para ser vendido no Brasil, precisará do crivo da agência, o que requer testes que comprovem suas propriedades.
Almeida e seu colega Renato Meneguelo dizem ter incorporado vitamina D, cálcio, fósforo e magnésio ao composto e que “o produto final não mudou nada”, referindo-se à substância desenvolvida por Gilberto Chierice, pesquisador da USP de São Carlos.
A pílula original ainda está em fase de testes no Icesp (Instituto do Câncer do Estado de São Paulo Octavio Frias de Oliveira), patrocinados pelo governo federal e pelo governo paulista após pressão popular em seu favor.
Por décadas, a pílula foi fabricada em um laboratório da USP e distribuída a pacientes com câncer sem que tivesse passado por testes de segurança e eficácia. No ano passado, o STF (Supremo Tribunal Federal) proibiu a distribuição da droga no país.
Nem a embalagem nem os cientistas responsáveis pelo suplemento citam diretamente benefícios para pacientes com câncer. Segundo Almeida, a ideia é “manter o organismo em equilíbrio”.
“Eu viso mais as pessoas que não têm câncer e querem manter uma condição equilibrada do organismo”, diz Almeida. “Se a pessoa tiver câncer e o médico achar que é conveniente, ela usa. Eu não posso falar que o suplemento é para câncer, porque isso está fora da legislação.”
Ainda assim, a página do suplemento no Facebook anuncia o produto ao lado da foto de uma mulher careca com a frase “Não desista!”.
O diretor-presidente da Anvisa, Jarbas Barbosa, afirmou à Folha que a equipe técnica da agência analisará se há tentativa de comercialização e propaganda irregular.
A Anvisa regula a entrada de suplementos alimentares no mercado com regras específicas. “Quando é só suplemento alimentar, tem que ser seguro. Para fazer qualquer alegação [de propriedade funcional], tem que comprovar com testes. Um exemplo são os produtos que dizem que ajudam a regular o intestino”, diz Barbosa.
Já a divulgação de eventuais propriedades terapêuticas é proibida. “Se fizer é crime. Não pode dizer que cura hipertensão, por exemplo. Senão não é suplemento, é um medicamento.”
Segundo Barbosa, até agora não houve pedido de registro do produto na agência, nem como suplemento nem como medicamento.
Em geral, a análise de pedidos de registro de suplementos leva até oito meses.
Fonte: Folha de S. Paulo
Dois dos cientistas que pesquisavam a fosfoetanolamina (conhecida como pílula do câncer) se separaram do grupo de investigação e vão lançar sua própria versão da substância como suplemento. A mudança de categoria, afirmam, foi uma forma de acelerar seu acesso no país.
“Como medicamento, o prazo [para lançamento] pode ser dois, três, quatro, às vezes até cinco anos”, disse Marcos Vinícius de Almeida, um dos cientistas responsáveis pelo suplemento.
A substância será fabricada nos EUA –onde a aprovação de suplementos é facilitada– e poderá ser importada a partir de março. Ainda não há preço definido, diz Almeida.
A importação de suplementos e remédios para uso individual não precisa da aprovação da Anvisa, desde que a quantidade não seja característica para venda. Se o suplemento for importado para ser vendido no Brasil, precisará do crivo da agência, o que requer testes que comprovem suas propriedades.
Almeida e seu colega Renato Meneguelo dizem ter incorporado vitamina D, cálcio, fósforo e magnésio ao composto e que “o produto final não mudou nada”, referindo-se à substância desenvolvida por Gilberto Chierice, pesquisador da USP de São Carlos.
A pílula original ainda está em fase de testes no Icesp (Instituto do Câncer do Estado de São Paulo Octavio Frias de Oliveira), patrocinados pelo governo federal e pelo governo paulista após pressão popular em seu favor.
Por décadas, a pílula foi fabricada em um laboratório da USP e distribuída a pacientes com câncer sem que tivesse passado por testes de segurança e eficácia. No ano passado, o STF (Supremo Tribunal Federal) proibiu a distribuição da droga no país.
Nem a embalagem nem os cientistas responsáveis pelo suplemento citam diretamente benefícios para pacientes com câncer. Segundo Almeida, a ideia é “manter o organismo em equilíbrio”.
“Eu viso mais as pessoas que não têm câncer e querem manter uma condição equilibrada do organismo”, diz Almeida. “Se a pessoa tiver câncer e o médico achar que é conveniente, ela usa. Eu não posso falar que o suplemento é para câncer, porque isso está fora da legislação.”
Ainda assim, a página do suplemento no Facebook anuncia o produto ao lado da foto de uma mulher careca com a frase “Não desista!”.
O diretor-presidente da Anvisa, Jarbas Barbosa, afirmou à Folha que a equipe técnica da agência analisará se há tentativa de comercialização e propaganda irregular.
A Anvisa regula a entrada de suplementos alimentares no mercado com regras específicas. “Quando é só suplemento alimentar, tem que ser seguro. Para fazer qualquer alegação [de propriedade funcional], tem que comprovar com testes. Um exemplo são os produtos que dizem que ajudam a regular o intestino”, diz Barbosa.
Já a divulgação de eventuais propriedades terapêuticas é proibida. “Se fizer é crime. Não pode dizer que cura hipertensão, por exemplo. Senão não é suplemento, é um medicamento.”
Segundo Barbosa, até agora não houve pedido de registro do produto na agência, nem como suplemento nem como medicamento.
Em geral, a análise de pedidos de registro de suplementos leva até oito meses.
Fonte: Folha de S. Paulo