Tenho câncer de pulmão: preciso parar de fumar?

Tenho câncer de pulmão: preciso parar de fumar?

Confira a coluna “Fala, Doutor”, que traz as dúvidas mais frequentes entre os pacientes no consultório, por Daniel Garcia, oncologista clínico do A.C.Camargo Cancer Center

O câncer de pulmão é o tumor mais comum no mundo, seguido por câncer de mama, cólon e reto e próstata. No Brasil, é o quarto* em incidência, atrás apenas dos tumores de mama, próstata e cólon e reto. 

No quesito mortalidade, ocupa a primeira posição no Brasil e no mundo. O principal fator de risco é o cigarro, responsável por 80 a 90% dos casos. Mesmo quem inala a fumaça de outras pessoas – ou seja, o fumante passivo – também tem um risco aumentado de desenvolver a doença. 

A manutenção do tabagismo em pacientes com câncer pode diminuir suas probabilidades de sobrevivência, aumentar o risco de aparecimento de um segundo tumor primário, comprometer a eficácia do tratamento médico e causar perda de qualidade de vida. 

Alguns estudos mostram que entre 40% e 60% dos pacientes com câncer de pulmão continuam fumando após o diagnóstico. E, entre os que param de fumar, as recaídas são frequentes. 

Embora haja cada vez mais evidências de que parar de fumar após o diagnóstico do câncer de pulmão possibilita uma maior eficácia do tratamento e um melhor prognóstico da doença, existe uma crença errônea de que o tratamento para dependência de nicotina não é útil neste grupo de pacientes. 

No passado, o tratamento do tabagismo não era considerado um fator importante em pacientes com câncer. Hoje, é notável a necessidade de esclarecer o papel que a cessação do tabagismo desempenha no acompanhamento destes pacientes. 

A fumaça do tabaco contém várias classes de carcinógenos e a maioria desses compostos exerce seus efeitos genotóxicos – formam adutos de DNA e geram espécies reativas de oxigênio, causando mutações em genes vitais como K-Ras e p53. 

Os compostos do cigarro, incluindo a nicotina, podem promover a proliferação celular, angiogênese e induzir a metástase do câncer de pulmão.


Números comprovam

Em um estudo retrospectivo, publicado na ASCO20 Virtual Scientific Program**, foi avaliada a relação entre a interrupção do tabagismo e a mortalidade por câncer de pulmão em cerca de 35.000 pacientes. 

O estudo indicou que nunca é tarde demais para deixar de fumar: dos pacientes, 47,5% eram fumantes atuais, 30% eram ex-fumantes e 22,5% nunca foram fumantes. O risco de morte foi reduzido em 12% entre os ex-fumantes que haviam interrompido o tabagismo em até 2 anos antes do diagnóstico do câncer, em comparação aos que ainda fumavam. 

Mesmo os pacientes que acabaram de parar de fumar tiveram uma sobrevida melhor em comparação com as pessoas que continuaram fumando. Aqueles que pararam de fumar entre 2 e 5 anos antes do diagnóstico tiveram seu risco de morte reduzido em 16%, e, entre aqueles que pararam de fumar mais de 5 anos antes do diagnóstico, a redução foi de 20%. 

De acordo com os autores, estes dados mostram que deve-se incentivar os pacientes a parar de fumar a qualquer momento, seja precocemente ou logo após o diagnóstico de um câncer de pulmão, traz benefícios e deve ser incentivado. 

Se você tem dificuldade para parar de fumar, procure um profissional da saúde e tenha acesso a tratamentos que aumentam as chances de sucesso.

*Excluem-se os tumores de pele não melanoma, que, apesar de serem os mais frequentes, têm baixíssima morbidade e mortalidade
** Estudo coordenado pela Dra. Aline Fusco Fares, ex-residente de oncologia clínica do A.C.Camargo Cancer Center, ex fellow do Hospital Princess Margaret Cancer Centre e, atualmente, oncologista clínica no Hospital de Base de São José do Rio Preto/SP

Fonte: A.C Camargo

Confira a coluna “Fala, Doutor”, que traz as dúvidas mais frequentes entre os pacientes no consultório, por Daniel Garcia, oncologista clínico do A.C.Camargo Cancer Center

O câncer de pulmão é o tumor mais comum no mundo, seguido por câncer de mama, cólon e reto e próstata. No Brasil, é o quarto* em incidência, atrás apenas dos tumores de mama, próstata e cólon e reto. 

No quesito mortalidade, ocupa a primeira posição no Brasil e no mundo. O principal fator de risco é o cigarro, responsável por 80 a 90% dos casos. Mesmo quem inala a fumaça de outras pessoas – ou seja, o fumante passivo – também tem um risco aumentado de desenvolver a doença. 

A manutenção do tabagismo em pacientes com câncer pode diminuir suas probabilidades de sobrevivência, aumentar o risco de aparecimento de um segundo tumor primário, comprometer a eficácia do tratamento médico e causar perda de qualidade de vida. 

Alguns estudos mostram que entre 40% e 60% dos pacientes com câncer de pulmão continuam fumando após o diagnóstico. E, entre os que param de fumar, as recaídas são frequentes. 

Embora haja cada vez mais evidências de que parar de fumar após o diagnóstico do câncer de pulmão possibilita uma maior eficácia do tratamento e um melhor prognóstico da doença, existe uma crença errônea de que o tratamento para dependência de nicotina não é útil neste grupo de pacientes. 

No passado, o tratamento do tabagismo não era considerado um fator importante em pacientes com câncer. Hoje, é notável a necessidade de esclarecer o papel que a cessação do tabagismo desempenha no acompanhamento destes pacientes. 

A fumaça do tabaco contém várias classes de carcinógenos e a maioria desses compostos exerce seus efeitos genotóxicos – formam adutos de DNA e geram espécies reativas de oxigênio, causando mutações em genes vitais como K-Ras e p53. 

Os compostos do cigarro, incluindo a nicotina, podem promover a proliferação celular, angiogênese e induzir a metástase do câncer de pulmão.


Números comprovam

Em um estudo retrospectivo, publicado na ASCO20 Virtual Scientific Program**, foi avaliada a relação entre a interrupção do tabagismo e a mortalidade por câncer de pulmão em cerca de 35.000 pacientes. 

O estudo indicou que nunca é tarde demais para deixar de fumar: dos pacientes, 47,5% eram fumantes atuais, 30% eram ex-fumantes e 22,5% nunca foram fumantes. O risco de morte foi reduzido em 12% entre os ex-fumantes que haviam interrompido o tabagismo em até 2 anos antes do diagnóstico do câncer, em comparação aos que ainda fumavam. 

Mesmo os pacientes que acabaram de parar de fumar tiveram uma sobrevida melhor em comparação com as pessoas que continuaram fumando. Aqueles que pararam de fumar entre 2 e 5 anos antes do diagnóstico tiveram seu risco de morte reduzido em 16%, e, entre aqueles que pararam de fumar mais de 5 anos antes do diagnóstico, a redução foi de 20%. 

De acordo com os autores, estes dados mostram que deve-se incentivar os pacientes a parar de fumar a qualquer momento, seja precocemente ou logo após o diagnóstico de um câncer de pulmão, traz benefícios e deve ser incentivado. 

Se você tem dificuldade para parar de fumar, procure um profissional da saúde e tenha acesso a tratamentos que aumentam as chances de sucesso.

*Excluem-se os tumores de pele não melanoma, que, apesar de serem os mais frequentes, têm baixíssima morbidade e mortalidade
** Estudo coordenado pela Dra. Aline Fusco Fares, ex-residente de oncologia clínica do A.C.Camargo Cancer Center, ex fellow do Hospital Princess Margaret Cancer Centre e, atualmente, oncologista clínica no Hospital de Base de São José do Rio Preto/SP

Fonte: A.C Camargo