Mistérios insolúveis: Por que temos mais câncer com o envelhecimento?

Mistérios insolúveis: Por que temos mais câncer com o envelhecimento?

Estudo apresentado no AACR Meeting 2017, em Washington, abre perspectivas para uma abordagem de prevenção de tumores nos idosos.

O senso comum diz que quanto mais velho fica o ser humano mais tumores ele tem. Imaginava-se que, com o passar dos anos, as mutações iam se acumulando até o ponto em que o crescimento celular descontrolado formava o câncer detectável por exames.

Em uma palestra no AACR Meeting 2017 que acontece nesta semana em Washington, os cientistas James Degregori, da Universidade do Colorado, Abraham Aviv – da Rutgers Medical School de New Jersey, e Judith Campisis, do The Buck Institute for Research on Aging, mostraram em conjunto dados que revelam que as mutações ocorrem desde a idade mais jovem e que não há nenhum acúmulo desproporcional com a idade.

Na verdade, a estrutura e os componentes dos tecidos saudáveis dos jovens que evitam que os tumores se desenvolvam. Os tecidos dos idosos, além de desestruturados, exibem uma maior quantidade das chamadas células senescentes (ou seja, que estão em processo de envelhecimento) e estas secretam moléculas que auxiliam na progressão do tumor. Ao usar um bloqueador dessas células senescentes em camundongos, os autores conseguiram não só rejuvenescer células como também evitar o câncer. Isso pode trazer uma nova abordagem para a prevenção e tratamento do câncer, além do rejuvenescimento celular.

“O tema traz uma nova perspectiva para o entendimento da formação dos tumores e manipulação dos fatores de risco para formação de tumores. Sem dúvida nos aproxima de uma abordagem mais racional para prevenir tumores nos idosos”, acredita o Dr. Victor Piana de Andrade, nosso Diretor Médico, que acompanhou a palestra. Mas ele adverte: ainda é cedo para conclusões dos estudos, já que até agora só foram realizados em camundongos e nada se aplica a seres humanos no curto prazo.

Afinal, qual a relação entre tumores e envelhecimento?

A palestra foi apresentada em uma seção educacional em que se discute os mecanismos moleculares envolvidos com a formação dos tumores, quais são as propostas para evitar o câncer e o envelhecimento. O que se sabe é que ambos têm relação com os telômeros.

Telômeros são regiões cromossômicas localizadas nas extremidades dos cromossomos e que são consumidas a cada divisão celular. Células que se dividiram muitas vezes em indivíduos normais têm telômeros curtos e quando estes se esgotam elas deixam de se dividir e entram no estado de senescência (de envelhecimento e perda de função, podendo levar em conjunto a atrofia dos órgãos e doenças degenerativas). Células tumorais também têm telômeros curtos.

Já há alguns anos pesquisadores descobriram que existem diferenças significativas no comprimento dos telômeros dos animais mais evoluídos como o homem e os mamíferos de grande porte em relação aos roedores.

Roedores têm telômeros mais longos por exibirem atividade de enzimas que mantêm seu comprimento e garantem um número maior de divisões. Com o maior número de divisões surgem mais tumores. Enquanto nos humanos a inatividade dessa enzima leva ao encurtamento mais precoce dos telômeros. Temos telômeros mais curtos, menos divisões em cada célula e, portanto, menos tumores do que os roedores.

O preço da evolução com menos tumores é pago com muito mais doenças degenerativas como as cardiovasculares, diabetes e neuropatias. Este é o início do entendimento do Paradoxo de Peto escrito em 1977, que notou que animais de grande porte como elefantes e baleias, apesar de terem muito mais células e viverem por décadas, tinham muito menos tumores que animais menores.

Fonte: AC Camargo Center

Estudo apresentado no AACR Meeting 2017, em Washington, abre perspectivas para uma abordagem de prevenção de tumores nos idosos.

O senso comum diz que quanto mais velho fica o ser humano mais tumores ele tem. Imaginava-se que, com o passar dos anos, as mutações iam se acumulando até o ponto em que o crescimento celular descontrolado formava o câncer detectável por exames.

Em uma palestra no AACR Meeting 2017 que acontece nesta semana em Washington, os cientistas James Degregori, da Universidade do Colorado, Abraham Aviv – da Rutgers Medical School de New Jersey, e Judith Campisis, do The Buck Institute for Research on Aging, mostraram em conjunto dados que revelam que as mutações ocorrem desde a idade mais jovem e que não há nenhum acúmulo desproporcional com a idade.

Na verdade, a estrutura e os componentes dos tecidos saudáveis dos jovens que evitam que os tumores se desenvolvam. Os tecidos dos idosos, além de desestruturados, exibem uma maior quantidade das chamadas células senescentes (ou seja, que estão em processo de envelhecimento) e estas secretam moléculas que auxiliam na progressão do tumor. Ao usar um bloqueador dessas células senescentes em camundongos, os autores conseguiram não só rejuvenescer células como também evitar o câncer. Isso pode trazer uma nova abordagem para a prevenção e tratamento do câncer, além do rejuvenescimento celular.

“O tema traz uma nova perspectiva para o entendimento da formação dos tumores e manipulação dos fatores de risco para formação de tumores. Sem dúvida nos aproxima de uma abordagem mais racional para prevenir tumores nos idosos”, acredita o Dr. Victor Piana de Andrade, nosso Diretor Médico, que acompanhou a palestra. Mas ele adverte: ainda é cedo para conclusões dos estudos, já que até agora só foram realizados em camundongos e nada se aplica a seres humanos no curto prazo.

Afinal, qual a relação entre tumores e envelhecimento?

A palestra foi apresentada em uma seção educacional em que se discute os mecanismos moleculares envolvidos com a formação dos tumores, quais são as propostas para evitar o câncer e o envelhecimento. O que se sabe é que ambos têm relação com os telômeros.

Telômeros são regiões cromossômicas localizadas nas extremidades dos cromossomos e que são consumidas a cada divisão celular. Células que se dividiram muitas vezes em indivíduos normais têm telômeros curtos e quando estes se esgotam elas deixam de se dividir e entram no estado de senescência (de envelhecimento e perda de função, podendo levar em conjunto a atrofia dos órgãos e doenças degenerativas). Células tumorais também têm telômeros curtos.

Já há alguns anos pesquisadores descobriram que existem diferenças significativas no comprimento dos telômeros dos animais mais evoluídos como o homem e os mamíferos de grande porte em relação aos roedores.

Roedores têm telômeros mais longos por exibirem atividade de enzimas que mantêm seu comprimento e garantem um número maior de divisões. Com o maior número de divisões surgem mais tumores. Enquanto nos humanos a inatividade dessa enzima leva ao encurtamento mais precoce dos telômeros. Temos telômeros mais curtos, menos divisões em cada célula e, portanto, menos tumores do que os roedores.

O preço da evolução com menos tumores é pago com muito mais doenças degenerativas como as cardiovasculares, diabetes e neuropatias. Este é o início do entendimento do Paradoxo de Peto escrito em 1977, que notou que animais de grande porte como elefantes e baleias, apesar de terem muito mais células e viverem por décadas, tinham muito menos tumores que animais menores.

Fonte: AC Camargo Center