Nova visão sobre a metástase
Quando o câncer se espalha pelo resto do corpo e se torna metastático, muitos pacientes — e até mesmo profissionais e gestores da saúde — têm a percepção de que o diagnóstico é sinônimo de morte rápida. No entanto, segundo Gilberto Amorim, do grupo Oncologia D’Or, essa visão é equivocada. “Nem todos os pacientes metastáticos são terminais”, afirma. “É uma visão obsoleta e discriminatória, pois, em muitos casos, é possível conviver por muitos anos após uma recidiva e, principalmente, com melhora dos sintomas e da qualidade de vida”, completa.
Ele menciona o caso dos pacientes com um tipo de câncer de mama chamado HER2 positivo. “O tratamento do SUS já acumula mais de 15 anos de atraso em relação aos pacientes da Saúde Suplementar, estes, com sobrevida três anos maior, em média”, afirma. Estudo feito por um grupo de especialistas brasileiros e que será publicado no Journal of Global Oncology mostra que, em casos metastáticos desse tipo da doença, para cada 2 mil pacientes tratadas, mais de 750 morrem precocemente no fim de dois anos no SUS em comparação àquelas tratadas na rede suplementar.
A diferença entre os tratamentos é que, na rede pública, é usada apenas a quimioterapia. Já na saúde complementar, esse método é aliado aos medicamentos biológicos trastuzumabe e pertuzumabe. No entanto, eles não foram incorporados pelo SUS, apesar de até mesmo o InstitutoOncoguia já ter feito o pedido à Conitec. Rafael Kaliks, do instituto, reconhece que o gasto com esses tipos de tratamento é alto e a organização, complexa, uma vez que muitos dos pacientes precisam de cuidados paliativos que seriam melhor ministrados em casa. “O governo olha para a doença metastática incurável como um gasto apenas, e não como um investimento”, observa. “Mas isso tem levado a erros catastróficos, porque existem, hoje, doenças consideradas crônicas, em que o paciente pode viver muito, trabalhando e com boa qualidade de vida.”
Em nota, o Ministério da Saúde informou que o trabalho da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec) garante que sejam selecionadas as melhores opções de tratamento. Em relação aos pacientes com câncer metastático, a pasta informa que os hospitais credenciadospeloSUSnãofazemrestrição ao acesso desses doentes.
Cuidados
Os cuidados paliativos têm como objetivo principal aliviar os sintomas causados pelo câncer em estágio avançado, e não necessariamente curar a doença. Segundo a OMS, esses tratamentos podem reduzir problemas físicos e psicológicos em até 90% dos pacientes com metástase. Para Gilberto Amorim, tanto o SUS quanto a saúde suplementar pecam por não oferecer esse apoio de forma sistemática. “No nosso país, esse cuidado não é oferecido, ou é de forma muito precária e fragmentada, sem integração. Quando não podemos curar, temos a obrigação de aliviar o sofrimento.”
Fonte: Correio Braziliense
Quando o câncer se espalha pelo resto do corpo e se torna metastático, muitos pacientes — e até mesmo profissionais e gestores da saúde — têm a percepção de que o diagnóstico é sinônimo de morte rápida. No entanto, segundo Gilberto Amorim, do grupo Oncologia D’Or, essa visão é equivocada. “Nem todos os pacientes metastáticos são terminais”, afirma. “É uma visão obsoleta e discriminatória, pois, em muitos casos, é possível conviver por muitos anos após uma recidiva e, principalmente, com melhora dos sintomas e da qualidade de vida”, completa.
Ele menciona o caso dos pacientes com um tipo de câncer de mama chamado HER2 positivo. “O tratamento do SUS já acumula mais de 15 anos de atraso em relação aos pacientes da Saúde Suplementar, estes, com sobrevida três anos maior, em média”, afirma. Estudo feito por um grupo de especialistas brasileiros e que será publicado no Journal of Global Oncology mostra que, em casos metastáticos desse tipo da doença, para cada 2 mil pacientes tratadas, mais de 750 morrem precocemente no fim de dois anos no SUS em comparação àquelas tratadas na rede suplementar.
A diferença entre os tratamentos é que, na rede pública, é usada apenas a quimioterapia. Já na saúde complementar, esse método é aliado aos medicamentos biológicos trastuzumabe e pertuzumabe. No entanto, eles não foram incorporados pelo SUS, apesar de até mesmo o InstitutoOncoguia já ter feito o pedido à Conitec. Rafael Kaliks, do instituto, reconhece que o gasto com esses tipos de tratamento é alto e a organização, complexa, uma vez que muitos dos pacientes precisam de cuidados paliativos que seriam melhor ministrados em casa. “O governo olha para a doença metastática incurável como um gasto apenas, e não como um investimento”, observa. “Mas isso tem levado a erros catastróficos, porque existem, hoje, doenças consideradas crônicas, em que o paciente pode viver muito, trabalhando e com boa qualidade de vida.”
Em nota, o Ministério da Saúde informou que o trabalho da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec) garante que sejam selecionadas as melhores opções de tratamento. Em relação aos pacientes com câncer metastático, a pasta informa que os hospitais credenciadospeloSUSnãofazemrestrição ao acesso desses doentes.
Cuidados
Os cuidados paliativos têm como objetivo principal aliviar os sintomas causados pelo câncer em estágio avançado, e não necessariamente curar a doença. Segundo a OMS, esses tratamentos podem reduzir problemas físicos e psicológicos em até 90% dos pacientes com metástase. Para Gilberto Amorim, tanto o SUS quanto a saúde suplementar pecam por não oferecer esse apoio de forma sistemática. “No nosso país, esse cuidado não é oferecido, ou é de forma muito precária e fragmentada, sem integração. Quando não podemos curar, temos a obrigação de aliviar o sofrimento.”
Fonte: Correio Braziliense