Quimioterapia de consolidação traz benefício para pacientes com câncer de colo de útero

Quimioterapia de consolidação traz benefício para pacientes com câncer de colo de útero

Estudo feito por pesquisadores do A.C.Camargo mostra que aquelas que têm maior risco de metástase em outros órgãos são as mais favorecidas pelo tratamento

Nos últimos 15 anos, houve poucos avanços nos estudos para tratamento do câncer de colo do útero, uma doença frequente em mulheres. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), com exceção do câncer de pele não melanoma, é o terceiro tumor maligno mais comum na população feminina e a quarta causa de morte de mulheres no Brasil. 

A forma padrão de tratamento para tumores no colo do útero localmente avançados ou volumosos é feita com quimioterapia e radioterapia simultaneamente. A partir deste tratamento padrão, uma equipe do A.C.Camargo Cancer Center fez um estudo retrospectivo para analisar o impacto que a adição de quimioterapia de consolidação pode ter para estas mulheres.

A quimioterapia de consolidação consiste em uma dose adicional e mais alta de quimioterápico comum após a finalização do tratamento padrão, a fim de matar as células do tumor que possam ter sobrado. Do grupo de 186 pacientes analisadas no estudo, 58 foram tratadas com quimioterapia de consolidação e, as demais, apenas com o tratamento padrão.

O resultado do estudo mostrou que houve benefício para as pacientes tratadas com quimioterapia de consolidação em relação à sobrevida geral e sobrevida livre de progressão (período em que o câncer não progride). “O aspecto mais interessante do estudo não é nem tanto mostrar que a quimioterapia de consolidação teve resultados positivos nas nossas pacientes, mas ter levantado a hipótese de que há um grupo de pacientes que mais se beneficia desse tratamento. Esse grupo é formado por mulheres com linfonodos comprometidos, por serem aquelas com maior risco de recidiva à distância, ou seja, metástase em outros órgãos fora da pelve”, explica um dos autores do estudo, o doutor Alexandre Balieiro da Costa, do Departamento de Oncogenética do A.C.Camargo.

Porém, no estudo, denominado The Impact of Addition of Consolidation Chemotherapy to Standard Cisplatin-Based Chemoradiotherapy in Uterine Cervical Cancer: Matter of Distant Relapse (O Impacto da Adição de Quimioterapia de Consolidação ao Tratamento de Quimiorradioterapia Baseada em Cisplatina em Câncer de Colo do Útero: uma Questão de Recidiva à Distância), os pesquisadores chamam atenção para a falta de significância estatística para avaliar o impacto do novo tratamento na recidiva na região da pelve, devido à menor frequência de metástases locais em comparação com metástases em outros órgãos. Dessa forma, um possível benefício no controle de metástase na pelve não pode ser descartado.

“Por se tratar de um estudo retrospectivo e, portanto, não randomizado, o resultado não pode ser considerado definitivo, pois precisa ser confirmado por estudos prospectivos. Ao menos um estudo internacional está em andamento tentando responder a essa questão”, afirma o doutor Alexandre.

Estudo feito por pesquisadores do A.C.Camargo mostra que aquelas que têm maior risco de metástase em outros órgãos são as mais favorecidas pelo tratamento

Nos últimos 15 anos, houve poucos avanços nos estudos para tratamento do câncer de colo do útero, uma doença frequente em mulheres. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), com exceção do câncer de pele não melanoma, é o terceiro tumor maligno mais comum na população feminina e a quarta causa de morte de mulheres no Brasil. 

A forma padrão de tratamento para tumores no colo do útero localmente avançados ou volumosos é feita com quimioterapia e radioterapia simultaneamente. A partir deste tratamento padrão, uma equipe do A.C.Camargo Cancer Center fez um estudo retrospectivo para analisar o impacto que a adição de quimioterapia de consolidação pode ter para estas mulheres.

A quimioterapia de consolidação consiste em uma dose adicional e mais alta de quimioterápico comum após a finalização do tratamento padrão, a fim de matar as células do tumor que possam ter sobrado. Do grupo de 186 pacientes analisadas no estudo, 58 foram tratadas com quimioterapia de consolidação e, as demais, apenas com o tratamento padrão.

O resultado do estudo mostrou que houve benefício para as pacientes tratadas com quimioterapia de consolidação em relação à sobrevida geral e sobrevida livre de progressão (período em que o câncer não progride). “O aspecto mais interessante do estudo não é nem tanto mostrar que a quimioterapia de consolidação teve resultados positivos nas nossas pacientes, mas ter levantado a hipótese de que há um grupo de pacientes que mais se beneficia desse tratamento. Esse grupo é formado por mulheres com linfonodos comprometidos, por serem aquelas com maior risco de recidiva à distância, ou seja, metástase em outros órgãos fora da pelve”, explica um dos autores do estudo, o doutor Alexandre Balieiro da Costa, do Departamento de Oncogenética do A.C.Camargo.

Porém, no estudo, denominado The Impact of Addition of Consolidation Chemotherapy to Standard Cisplatin-Based Chemoradiotherapy in Uterine Cervical Cancer: Matter of Distant Relapse (O Impacto da Adição de Quimioterapia de Consolidação ao Tratamento de Quimiorradioterapia Baseada em Cisplatina em Câncer de Colo do Útero: uma Questão de Recidiva à Distância), os pesquisadores chamam atenção para a falta de significância estatística para avaliar o impacto do novo tratamento na recidiva na região da pelve, devido à menor frequência de metástases locais em comparação com metástases em outros órgãos. Dessa forma, um possível benefício no controle de metástase na pelve não pode ser descartado.

“Por se tratar de um estudo retrospectivo e, portanto, não randomizado, o resultado não pode ser considerado definitivo, pois precisa ser confirmado por estudos prospectivos. Ao menos um estudo internacional está em andamento tentando responder a essa questão”, afirma o doutor Alexandre.