Transparência também na gestão

Transparência também na gestão

Unidades habilitadas pelo SUS oferecem tratamentos diferentes. Especialistas pedem mais clareza nos processos adotados

A disparidade entre os tratamentos oferecidos nas 284 unidades e centros de assistência habilitados no tratamento do câncer pelo Sistema Único de Saúde (SUS) foi um dos temas debatidos durante o 6º Fórum Oncoguia. Cada um deles tem autonomia para escolher qual tratamento será prescrito e ofertado aos pacientes. Essa discrepância sobre qual é realmente disponibilizado cria, segundo especialistas,um entrave para que possam ser sugeridas melhorias na gestão e no uso do recurso.

Se o hospital não está dando, a gente tem que identificar isso, dar transparência a esses protocolos e, aí, saber se ele não está dando porque o dinheiro que o governo repassa é insuficiente. Se não sabemos que tratamentos cada um deles oferece, não temos como avançar ou propor modelos diferentes”, afirma Tiago Farina Matos, diretor Jurídico do Instituto Oncoguia.

Atualmente, existe um pacote de valores definido para cada tipo de câncer, chamado de Autorização para Procedimentos de Alta Complexidade (Apac). Com esse valor, pago mensalmente pelo SUS, o hospital precisa cobrir todos os custos diretos e indiretos do tratamento. Cabe à unidade de saúde avaliar o que vai oferecer dentro desse montante.

“A resposta do Ministério da Saúde é que, para pacientes com câncer de pulmão, por exemplo, o hospital vai receber R$ 1.100. Alguns vão precisar de um tratamento de R$ 6 mil; outros, de um de R$ 150, o que equalizaria a conta”, detalha Tiago. “Isso até pode ser verdade,mas nós não temos como avaliar. E por que não criar um procedimento dentro da tabela, próprio para aquele paciente que precisa de R$ 6 mil?”, questiona. Ele diz, no entanto, que o acesso a essas informações não é transparente. “Talvez, dando transparência a esse material, o próprio paciente possa olhar aquilo e comparar um hospital com o outro”, conclui.

Maria InezGadelha, diretorado Departamento de Atenção Especializada e Temática do Ministério da Saúde, afirma que é preciso discutir com cautela a uniformização do sistema, pois a diferença de condutas e de porte dos hospitais é grande. “Não posso impor um protocolo nacional se o porte tecnológico dos hospitais é diferente”, avalia. Ela explica também que o fato de um hospital ter menor porte tecnológico que outro não significa que ele esteja com uma conduta equivocada ou de menor resultado. “Quando (as condutas) não são comparáveis e há superioridade comprovada, nós criamos as condições para que aquilo seja ofertado em âmbito nacional.”

Sugestão

Quando a Apac surgiu a previsão era de que ela fosse atualizada a cada dois anos, tanto para cima quanto para baixo, em caso de redução do custo de algum tratamento. “Isso não vem acontecendo”, critica José Segalla, oncologista clínico no Hospital Amaral Carvalho. Para solucionar o problema, Segalla sugere que, pelo menos nos casos dos medicamentos mais caros, o governo centralize a compra por meio virtual. Segundo ele, a aquisição e a distribuição físicas criam custo adicional de armazenagem e de distribuição. “Esse dinheiro poderia ser usado para compra demais remédios.”

Fonte: Correio Braziliense

Unidades habilitadas pelo SUS oferecem tratamentos diferentes. Especialistas pedem mais clareza nos processos adotados

A disparidade entre os tratamentos oferecidos nas 284 unidades e centros de assistência habilitados no tratamento do câncer pelo Sistema Único de Saúde (SUS) foi um dos temas debatidos durante o 6º Fórum Oncoguia. Cada um deles tem autonomia para escolher qual tratamento será prescrito e ofertado aos pacientes. Essa discrepância sobre qual é realmente disponibilizado cria, segundo especialistas,um entrave para que possam ser sugeridas melhorias na gestão e no uso do recurso.

Se o hospital não está dando, a gente tem que identificar isso, dar transparência a esses protocolos e, aí, saber se ele não está dando porque o dinheiro que o governo repassa é insuficiente. Se não sabemos que tratamentos cada um deles oferece, não temos como avançar ou propor modelos diferentes”, afirma Tiago Farina Matos, diretor Jurídico do Instituto Oncoguia.

Atualmente, existe um pacote de valores definido para cada tipo de câncer, chamado de Autorização para Procedimentos de Alta Complexidade (Apac). Com esse valor, pago mensalmente pelo SUS, o hospital precisa cobrir todos os custos diretos e indiretos do tratamento. Cabe à unidade de saúde avaliar o que vai oferecer dentro desse montante.

“A resposta do Ministério da Saúde é que, para pacientes com câncer de pulmão, por exemplo, o hospital vai receber R$ 1.100. Alguns vão precisar de um tratamento de R$ 6 mil; outros, de um de R$ 150, o que equalizaria a conta”, detalha Tiago. “Isso até pode ser verdade,mas nós não temos como avaliar. E por que não criar um procedimento dentro da tabela, próprio para aquele paciente que precisa de R$ 6 mil?”, questiona. Ele diz, no entanto, que o acesso a essas informações não é transparente. “Talvez, dando transparência a esse material, o próprio paciente possa olhar aquilo e comparar um hospital com o outro”, conclui.

Maria InezGadelha, diretorado Departamento de Atenção Especializada e Temática do Ministério da Saúde, afirma que é preciso discutir com cautela a uniformização do sistema, pois a diferença de condutas e de porte dos hospitais é grande. “Não posso impor um protocolo nacional se o porte tecnológico dos hospitais é diferente”, avalia. Ela explica também que o fato de um hospital ter menor porte tecnológico que outro não significa que ele esteja com uma conduta equivocada ou de menor resultado. “Quando (as condutas) não são comparáveis e há superioridade comprovada, nós criamos as condições para que aquilo seja ofertado em âmbito nacional.”

Sugestão

Quando a Apac surgiu a previsão era de que ela fosse atualizada a cada dois anos, tanto para cima quanto para baixo, em caso de redução do custo de algum tratamento. “Isso não vem acontecendo”, critica José Segalla, oncologista clínico no Hospital Amaral Carvalho. Para solucionar o problema, Segalla sugere que, pelo menos nos casos dos medicamentos mais caros, o governo centralize a compra por meio virtual. Segundo ele, a aquisição e a distribuição físicas criam custo adicional de armazenagem e de distribuição. “Esse dinheiro poderia ser usado para compra demais remédios.”

Fonte: Correio Braziliense